Lula defende maioria de mulheres no Congresso e igualdade salarial
Em visita ao México, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, em discurso na Câmara dos Deputados, a ampliação da representatividade feminina nos espaços de poder e disse desejar que um dia as mulheres sejam maioria no Congresso Nacional. “É um sonho do Partido dos Trabalhadores fazer com que o Congresso Nacional tenha maioria de mulheres. Embora nosso partido tenha paridade em sua direção, embora a central sindical brasileira tenha paridade em sua direção, a verdade é que nós não conseguimos ainda encontrar mecanismos para convencer as mulheres, que são maioria na sociedade brasileira, a se transformarem em maioria nos sindicatos, se transformarem em maioria nas câmeras, se transformarem em maioria em todos os lugares”, disse Lula, na semana passada, inspirado pela realidade do parlamento mexicano, que tem número de mulheres superior ao de homens.
A discussão da presença feminina nos espaços de poder ganha mais relevância no momento em que se celebra, neste 8 de março, o Dia Internacional da Mulher. A realidade brasileira é bem distante do mundo ideal desejado por Lula. As mulheres representam 52,2% da população, mas só ocupam 15% das cadeiras do parlamento brasileiro. Há muito a avançar, como disse o ex-presidente na conversa com os mexicanos, mas hoje a conjuntura já é diferente daquela vivida num passado não muito distante. Em 1986, quando eleita a bancada constituinte, da qual Lula fez parte, não havia sequer banheiro para mulheres no café da Câmara dos Deputados e elas não podiam usar calças. “Era um parlamento que não reconhecia a existência das mulheres no país. Nós avançamos muito, evoluímos muito, mas diante do que estou vendo aqui (no México), nós ainda estamos engatinhando e ainda falta muito”.
O ex-presidente disse também que é preciso convencer a sociedade brasileira de que as mulheres sabem e podem governar igual ou melhor do que os homens e que não podem ser inferiores nem na política, nem no sindicato, nem no mercado de trabalho, nem nas universidades. “As mulheres precisam não só ser iguais, mas disputar as mesmas vagas. Elas precisam, no mínimo, ser respeitadas e ganhar igual ou mais do que os homens. O que não pode é as mulheres ganharem menos do que os homens. Portanto, é uma revolução que ainda vamos ter que fazer. Não sei se ela chegará no nosso tempo, mas certamente nós vamos conseguir. Eu gostaria de um dia chegar na Câmara dos Deputados no Brasil e ver uma maioria de mulheres sentadas nas cadeiras”.