• Deputados avaliam o debate em torno da possibilidade de adiamento das eleições municipais marcadas para outubro

    Publicado em 23.03.2020 às 20:04

    Frente à discussão que se instala no Brasil nos últimos dias, em relação ao adiamento das eleições municipais deste ano, em que o ministro da Saúde, Luiz Mandetta, sugere o adiamento do pleito, Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, e o vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, não cogitam, por ora, na mudança de data. Parlamentares goianos entram na discussão e se mostram mais preocupados é com o bem-estar da população neste período de crise, diante da ameaça de propagação descontrolada do novo coronavírus (COVID-19). 

    Pré-candidato à Prefeitura de Goiânia, o deputado Virmondes Cruvinel (Cidadania) ressalta que a vida das pessoas e a saúde pública vêm em primeiro lugar. “Se a pandemia COVID-19 ainda for uma preocupação na época da campanha, certamente haverá motivo para o adiamento”, assinala. Na opinião do parlamentar, “somente os próximos desdobramentos dessa crise poderão nos dar certeza do cenário que teremos pela frente”, acentua. 

    Cruvinel avalia ainda a necessidade de que as eleições ocorram dentro de um prazo em que o debate das necessidades dos municípios possam ser debatidas. “ O importante é que as eleições aconteçam com tempo suficiente para a discussão de projetos para as cidades de Goiás e do Brasil”, reitera.

    Por sua vez, o deputado estadual Diego Sorgatto (PSDB) é enfático ao afirmar que a opinião dele se resume em tomar a decisão de acordo com o necessário a ser feito para preservar vidas e conter a pandemia. “Para isso, entendo que tem que ver como será a evolução disso tudo”, conclui.

    Solução 

    Já o presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), deputado Humberto Aidar (MDB), sugere como solução para o debate, que de imediato seja fixada uma nova data para o pleito. O emedebista prossegue ao dizer que “nos momentos de incertezas, o tomar decisão, o agir, o resultado é sempre muito mais positivo”. E acrescenta: “Ninguém sabe ao certo quando é que o Brasil vai se livrar do vírus ou ao menos diminuir drasticamente. A gente tem visões diferenciadas dentro da própria medicina. Uns acham que vai até o final de junho, outros julho ou agosto”, explica.

    Aidar prossegue a sugerir possíveis datas para a realização do pleito. “Como a gente vive um momento de incerteza, eu tenho uma sugestão que as convenções fossem realizadas na primeira semana de setembro, até o dia 10. Depois, são trâmites burocráticos da Justiça Eleitoral”, calcula. 

    O deputado enuncia ainda que a campanha poderia começar no dia 25 de setembro, liberada do corpo a corpo, televisão e rádio, no período de 45 dias. Na opinião dele, o primeiro turno seria dia 8 de novembro. “A gente já elegeria os vereadores e os prefeitos que ganhassem no primeiro turno. Nas cidades onde houvesse necessidade do segundo turno, que fosse realizado no último domingo de novembro, dia 29”, diz. 

    Para Aidar, concluída votação e apuração, a Justiça Eleitoral teria 30 dias do mês de dezembro para preparar diplomas, posse. “Entendo que daria tempo necessário de prestação de contas”. Ao frisar que se trata de um período de emergência, lembra da necessidade de esforço concentrado de trabalhadores de todas áreas, inclusive da Justiça Eleitoral, para conclusão dos trabalhos. 

    Aidar observa também que, com a tomada de decisão, seja importante a fim de cesssar a discussão sobre adiamento ou não do processo eleitoral, porque, “daqui a pouco tem alguns interessados que vão começar a defender a prorrogação do mandato”. “Para que isso não aconteça, eu acho que mesmo as previsões mais pessimistas, essas data que eu coloquei podem ser cumpridas com tranquilidade, não atrapalhando ninguém que seja candidato”, reitera. Além do mais, o parlamentar assinala que na pré-campanha as redes sociais são “um instrumento poderosíssimo”, à mão dos que concorrem aos cargos no Legislativo e Executivo municipais. 

    Soluções estratégicas

    Para este momento de incertezas, o parlamentar ressalta a importância de que aqueles de ocupam cargos eletivos mantenham o foco na busca soluções para este momento atípico, para o combate do COVID-19 e para as dificuldades financeiras das empresas e trabalhadores. “Quem tem mandato tem que estar debruçado em criar alternativas para o combate ao coronavírus, buscar recursos e estratégias para acudir os milhões de desempregados, que certamente isso vai ocorrer no Brasil”, prevê. “Temos que concentrar os nossos esforços em linhas de crédito para que o mínimo de empresas possam vir a fechar e o mínimo de trabalhadores percam seus trabalhos. Acho que temos que concentrar os nossos esforços é nisso”, ressalta. “É uma discussão que não deve demandar tempo e esforços de quem quer que seja, porque  tem coisas muito mais importantes e urgentes a serem tratadas”, alerta.