• Direitos das mulheres dentro e fora da academia estão na pauta da UFG 

    Publicado em 4.04.2022 às 12:10

    A população de mulheres no País é de pouco mais de 50% em relação à dos homens. Na academia, o padrão é mais ou menos o mesmo do que é observado na sociedade. Esse aparente equilíbrio numérico, que poderia até resultar em alguma vantagem para a mulher, não ocorre no dia a dia. Ciente desta realidade, a gestão da Universidade Federal de Goiás (UFG) 2022-2025 estabeleceu, dentro da recém-criada Secretaria de Inclusão (SIN), a Diretoria de Mulheres e Diversidades (DMD). Desta forma, o trabalho em prol dos direitos das mulheres será feito todos os dias do ano e não apenas durante o mês de março.

    Com a criação da DMD na SIN, a UFG, mais uma vez, é pioneira entre as instituições federais de ensino superior (Ifes), já que é uma das primeiras a ter dentro da alta gestão e ligada diretamente à Reitoria uma estrutura dedicada às mulheres e suas diversidades. Conforme o site da SIN, estão entre os objetivos da DMD, fomentar e lutar por políticas universitárias voltadas para a garantia de direitos de cidadania e dos direitos humanos das mulheres. Sejam elas estudantes, servidoras docentes, técnicas ou terceirizadas, em atividade ou aposentadas, pretas, quilombolas, indígenas, mães, com deficiência, migrantes, refugiadas, apátridas, de comunidades tradicionais, LGBTQIA + e de demais grupos historicamente discriminados. 

    “A maioria numérica não nos faz maioria de existência. O sistema de privilégios atua para colocar as mulheres sempre como uma minoria. Principalmente nas notícias, nas publicações, na escala de quem recebe fomentos, e a equidade não é tomar nada de ninguém é que a escala seja mais justa”, afirma a professora da Faculdade de História (FH) e titular da DMD, Ana Carolina Eiras Coelho Soares.

    Tempos de violência

    A docente ressalta a realidade enfrentada pelas mulheres. “Estamos vivendo tempos de profundos índices de violência, de todas as formas, contra as mulheres. Portanto, a luta contra a violência tem que ser visível dentro e fora das universidades. A DMD vai atuar promovendo ações pedagógicas, de sensibilização, de conscientização, para que esse tipo de atitude não seja admissível dentro da UFG”.

    A diretora da Mulheres e Diversidades continua explicando que o fato de a sociedade ter raízes profundas patriarcais, racistas, homofóbicas e transfóbicas resulta na não-valorização do trabalho das mulheres, sobrecarregando-as. “Do ponto de vista estrutural, as situações são sempre dificultadas para as mulheres, colocam mais obstáculos sobre nós. O que dificulta e muitas vezes impede a formação em um curso superior, seja por ser mãe, pela raça, classe, sexualidades. A DMD vai lutar para que haja um espaço mais equitativo, porque um dos pilares de emancipação das mulheres e de construção de um mundo mais justo é que as mulheres tenham acesso à educação, permanência na educação, e formação”, argumenta Carolina. 

    GT Mulheres na Comunidade

    A ideia de criar a diretoria veio durante a campanha eleitoral para o cargo de reitora e vice-reitor, realizada em 2021. A chapa UFG Viva, que acabou sendo eleita, criou grupos de trabalho (GT) em diferentes temas. Um deles era o GT Mulheres na Comunidade da UFG. “Esse projeto foi gestado colaborativamente e veio de todas as unidades e todos os câmpus. Todas vieram, desde a campanha, montando no GT uma proposta que pensasse na participação, na visibilidade e no aprimoramento de como a gestão pode dar suporte e fomento para as ações de ensino, pesquisa e extensão das mulheres, criando assim um ambiente universitário mais justo e equitativo para todos. E, obviamente, não podemos esquecer que o marco da Secretaria de Inclusão é o UFGInclui [criado em 2009]. A partir desse marco, vem sendo elaborada toda uma institucionalização do nosso compromisso com uma Universidade mais equitativa e no combate às práticas discriminatórias, racistas e opressivas”, conta a diretora.

    Ao ser questionada sobre o que a comunidade universitária pode esperar da DMD já neste primeiro ano, Carolina Eiras diz que pode-se esperar muito trabalho e muita parceria. A ideia é conversar muito com todos os grupos, coletivos e fóruns. “Pode esperar que estejamos abertos às demandas e novas ações, às ações que já estão implementadas, que a gente vá formando parcerias, que recebamos e acolhamos todos esses projetos e que a gente busque muito fomento e lute muito, porque uma diretoria de mulheres em uma secretaria de inclusão e pessoas diversas é certamente um lugar de muita luta”, antecipa.

    Fonte: Secom/UFG