Fieg: Goiás mira coração da Europa, via Bélgica e Luxemburgo
Pequenos em dimensões territoriais, mas enormes em riquezas. Localizados no coração da Europa, Bélgica e Luxemburgo destacam-se pela localização estratégica, concentrando 60% de todo o Produto Interno Bruto (PIB) europeu em um raio de 500 quilômetros. Cercados pela França, Alemanha, Inglaterra e Holanda, os dois países se sobressaem pelas vantagens competitivas, como segurança jurídica, logística multimodal e receptividade a investidores estrangeiros. De olho nesse mercado, o Conselho Temático de Comércio Exterior (CTComex) da Fieg, liderado pelo empresário William O’Dwyer, promoveu quinta-feira (12/05) o Fórum de Oportunidades Bélgica, Luxemburgo e Goiás, em parceria com a Câmara de Comércio e Indústria Belgalux-Brasil. O evento, realizado na Casa da Indústria, reuniu empresários e contou com participação do vice-presidente da Fieg, Emílio Bittar; e do embaixador da Bélgica, Patrick Hermann.
“Nosso objetivo hoje é apresentar os pontos de sinergia comercial entre as três regiões e orientar as empresas a conduzir suas operações com maior assertividade. Atualmente, tanto Bélgica quanto Luxemburgo, de economias com importante potencial, têm o Brasil como mais importante parceiro comercial na América do Sul, seja em importação ou em exportação”, afirmou Emílio Bittar, na abertura do encontro.
Alinhado com o mesmo propósito, o embaixador belga Patrick Hermann ressaltou a importância da cooperação transatlântica e a disposição do país europeu em ampliar acordos para fomento da ciência, tecnologia e inovação. “Devemos nos preparar para os novos desafios mundiais, como a segurança alimentar e energética. Queremos intensificar o intercâmbio com o Brasil, seja no âmbito econômico ou técnico”, disse.
Nesse sentido, foram apresentados os diferenciais competitivos das regiões de Flanders e Valônia, na Bélgica, e de Luxemburgo. De acordo com o conselheiro Econômico e Comercial pela Valônia, Rodrigo dos Santos Garcia, a quantidade e qualidade das rodovias são grandes atrativos da região, que atinge 70% de todo o mercado europeu em apenas seis horas, possuindo a mais densa rede rodoviária e ferroviária do mundo. “Somam-se ainda a rede aeroportuária e hidroviária, com aeroportos low cost e 81% das hidrovias na categoria classe IV, de até 1.350 toneladas”.
A economia aberta, a receptividade com estrangeiros, a qualidade de vida e o sistema tributário amigável também foram pontos abordados durante a exposição como diferenciais dos dois países. “Bruxelas é uma cidade multicultural, que cada vez mais se consolida como ponto de encontro para desenvolver oportunidades, inclusive na vanguarda para a economia sustentável”, afirmou o conselheiro econômico e comercial por Bruxelas, Dieter Poleyn, destacando que a comunidade brasileira na Bélgica já se aproxima de 50 mil imigrantes.
De olho em incentivar negócios sobretudo com os setores farmacêutico, de cosméticos e alimentos, a diretora de Investimentos da Câmara de Comércio de Flanders, Cláudia Rolim, destacou que a Bélgica é o segundo maior centro de produção de fármacos da Europa, além de ser líder em investimentos em pesquisa & desenvolvimento (P&D) no setor. “Frequentemente, somos berço de tecnologias de ponta, com consistente parque tecnológico e rede de incubadoras, incentivos fiscais em P&D, fundos de investimentos públicos e privados para fomento do setor e com uma das mais rápidas aprovações para ensaios clínicos do mundo, sendo a mais ágil da União Europeia”, sustentou.
Já no segmento de alimentos, a região de Flandres é líder no mercado europeu no setor de legumes congelados, além de grande exportadora de cerveja e chocolate. “A indústria alimentícia de Flandres tem volume anual de 41,9 bilhões de Euros, inclusive com participação brasileira, como é o caso da JBS Toledo, que embarca, anualmente, 10 mil toneladas de carne bovina congelada da América Latina para a Europa através do Porto de Antuérpia”, explicou Cláudia, citando ainda as empresas Biorigin, do Grupo Zilor, e Citrosuco, como exemplos de empresas brasileiras que escolheram a Bélgica como porta de entrada de seus produtos na Europa.
Quanto ao setor de cosméticos, a diretora de Investimentos pontuou que a Bélgica se destaca na importação de produtos, operando redes de distribuição de grandes marcas, tanto para venda direta quanto para e-commerce. “Nosso trabalho não é só divulgar as oportunidades da região de Flandres, mas também apoiar as empresas goianas interessadas em se internacionalizar”, concluiu Cláudia, enfatizando o apoio da Câmara de Comércio às empresas estrangeiras que querem iniciar ou expandir operações na Bélgica, seja na exportação de produtos ou serviços, sendo o serviço gratuito e confidencial.
O evento foi encerrado com apresentação do case da empresa Dottis Tecnologia e Comunicação, com sede em Anápolis. O negócio, especializado em serviços desenvolvimento, hospedagem, nuvem e tecnologia da informação (TI), iniciou planejamento para abrir uma filial em Luxemburgo, atento às oportunidades do mercado europeu. Durante todo o processo, a empresa contou com apoio e parceria da Embaixada do Grão-Ducado no Brasil e deve iniciar a operação no exterior no próximo mês de agosto. “Somos uma empresa pequena, mas com um potencial imenso, assim como Luxemburgo. Acredito muito na sinergia entre a criatividade brasileira e a qualidade europeia”, disse o empresário Rhogério Araújo.
Para o presidente do CTComex, William O’Dwyer, o evento reiterou a missão da Fieg em atuar como facilitadora da internacionalização das empresas goianas. “As relações internacionais são no passo a passo que conseguimos maiores resultados e Goiás está nesse caminho. Quem está aqui hoje acredita no produto goiano e nas oportunidades de negócios”. O empresário homenageou ainda o embaixador Patrick Hermann, que encerra no próximo mês sua missão no Brasil, retornando para a Bélgica.
O Fórum de Oportunidades Bélgica, Luxemburgo e Goiás contou com presença do diretor da Belgalux Brasil, Antônio Tormin Teixeira; do superintendente de Negócios Internacionais da Secretaria de Estado de Desenvolvimento e Inovação (Sedi), Alexandre César; do encarregado de Negócios da Embaixada do Grão-Ducado de Luxemburgo, Charles Schmit; e do presidente da Federação Goiana dos Municípios (FGM), Haroldo Naves. Os presidentes de sindicatos das indústrias Wilson de Oliveira (SindAlimentos) e Jair Alcântara (Sindquímica); o executivo do Sindifargo, Marçal Soares; e o superintendente da Fieg, Igor Montenegro, também prestigiaram o evento.
BELGALUX BRASIL – A Câmara de Comércio e Indústria Belgo-Luxemburguesa-Brasileira no Brasil atua desde 1938, estimulando as relações comerciais, econômicas e culturais entre o Brasil e os dois países europeus. Com rede de networking, matchmaking e hub de informação, a Belgalux Brasil conecta empresas belgas e luxemburguesas no Brasil, alavancando negócios e contribuindo com o crescimento econômico e sustentável. Para tanto, somente em 2022, a Câmara planeja realizar dez webinars e workshops, além de visitas técnicas a empresas, mesas-redondas e jantares de negócios.