• Pronunciamento de Bolsonaro: País precisa de líder sério, diz Alcolumbre. Crítica é generalizada

    Publicado em 24.03.2020 às 23:15

    São Paulo – As críticas ao pronunciamento de Jair Bolsonaro começaram antes mesmo que ele acabasse a fala em cadeia nacional. Vieram todos os setores, inclusive simpáticos ao governo. Rapidamente, a hashtag #forabolsonaro alcançou o topo no Twitter, com 108 mil mensagens até as 22h. As menções negativas para o pronunciamento superavam, neste horário, em quase o dobro as positivas no canal da TV Brasil no YouTube.

    Minutos depois do discurso, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e o vice, o ex-tucano Antonio Anastasia (PSD-MG), divulgaram nota em que afirmam que o Brasil “precisa de uma liderança séria, responsável e comprometida com a vida e a saúde da sua população”. 

    “Consideramos grave a posição externada pelo presidente da República hoje, em cadeia nacional, de ataque às medidas de contenção ao Covid-19. Posição que está na contramão das ações adotadas em outros países e sugeridas pela própria Organização Mundial da Saúde (OMS)”, afirmaram ainda. Em seu discurso, Bolsonaro contrariou recomendações da OMS, de outros países, de governadores brasileiros e de seu próprio ministro da Saúde, Henrique Mandetta, que não se pronunciou.

    “Reafirmamos e insistimos: não é momento de ataque à imprensa e a outros gestores públicos”, acrescentaram Alcolumbre e Anastasia. “É momento de união, de serenidade e equilíbrio, de ouvir os técnicos e profissionais da área para que sejam adotadas as precauções e cautelas necessárias para o controle da situação, antes que seja tarde demais. A Nação espera do líder do Executivo, mais do que nunca, transparência, seriedade e responsabilidade. O Congresso continuará atuante e atento para colaborar no que for necessário para a superação desta crise.”

    Inaceitável

    As reações ao pronunciamento de Bolsonaro nas redes foram duras. Candidato à Presidência pelo Novo, João Amoêdo chegou a usar o termo “renúncia” ao comentar o discurso de Bolsonaro. “O pronunciamento do presidente é inaceitável. Temos um quadro muito grave e incerto pela frente. Ele deveria vir a publico amanhã, apresentar um plano, mostrar a gravidade da situação, demostrar equilíbrio e bom senso. Ou renunciar ao cargo.”

    No campo da oposição, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), mostrou ceticismo. “Pronunciamento de hoje mostra que há poucas esperanças de que Bolsonaro possa exercer com responsabilidade e eficiência a Presidência da República. Os danos são imprevisíveis e gravíssimos”, afirmou. “Em respeito às vidas dos maranhenses, bem como em sintonia com cientistas e profissionais da saúde, manterei no Maranhão todas as providências preventivas e de cuidado em face do Coronavírus.” 

    Já a colunista Hildegard Angel usou a palavra “loucura” para definir o pronunciamento. ” Politicamente é complicado o impedimento do Presidente, mas é possível interdição por motivo de saúde (mental), os sintomas parecem evidentes. Já houve um presidente do Brasil interditado por insanidade mental, Delfim Moreira, 10º presidente do país”, escreveu.

    Obcecado limitado

    Assim como Hildegard, familiar de desaparecido político, o escritor Marcelo Rubens Paiva atacou o presidente: “Obcecado limitado que não muda o discurso, o líder mundial mais incapaz e cretino, um completo despreparado”.

    O professor Sérgio Amadeu, da Universidade Federal do ABC, pediu afastamento. “Jair Bolsonaro precisa ser afastado. Um presidente que subestima uma pandemia que pode colapsar o sistema de saúde de um país deve ser retirado da condução da República. Temos 14 mil leitos de UTI e 95% já estão ocupados. Temos que evitar o caos”, escreveu. 

    Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, Roque Citadini ironizou: “Ligou-me agora um amigo bolsonarista roxo e disse: estamos num hospício. O discurso só tem maluquice”. 

    Em seguida, postou imagens do “barulhaço” contra o presidente. E emendou: “Vendo agora o discurso presidencial lembrei de uma frase de um ícone da velha Direita culta, economista Roberto Campos: a burrice no Brasil tem um passado glorioso e um futuro promissor.”

    O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), não citou Bolsonaro no seu comentário no Twitter. “A pandemia do #covid19 exige solidariedade e co-responsabilidade. A experiência internacional e as orientações da OMS na luta contra o vírus devem ser rigorosamente seguidas por nós. As agruras da crise, por mais árduas que sejam, não sustentam o luxo da insensatez. #FiqueEmCasa.”

    E a atriz Vera Holtz mostrou-se espantada. “Assim que terminei de ouvir o discurso do Bolsonaro eu respirei, olhei pro meu televisor e me questionei calmamente: COMO ESSE HOMEM É PRESIDENTE DA REPÚBLICA???”

    (Rede Brasil Atual)