Combustíveis: redução do ICMS vai empobrecer municípios, alerta Lula 

Publicado em 9.06.2022 às 06:59

A proposta para que Estados reduzam o ICMS dos combustíveis em até 17%, em troca de uma suposta compensação do governo federal apenas até dezembro, foi alvo de duras críticas do ex-presidente Lula. Em entrevista à rádio Itatiaia do Vale do Aço, em Timóteo (MG), nesta quarta-feira (8), Lula condenou a covardia de Jair Bolsonaro, que prefere continuar com o “rabo preso” aos acionistas que lucram com a gasolina dolarizada do que apresentar uma solução real para a crise dos combustíveis. Ele também advertiu que a redução vai afetar a arrecadação, retirando dos municípios recursos da saúde e educação.

“O aumento da gasolina, [atrelado] ao preço internacional, não foi feito por votação no Congresso, foi com uma canetada do Pedro Parente, ex-presidente da Petrobras”, explicou Lula. “Então, se para aumentar, foi em uma canetada, para se tirar, também pode ser. Se o presidente tivesse coragem, se não fosse um fanfarrão, se não fosse um embusteiro, já teria feito isso. Mas ele aproveita o que acontece para criar caso, ele quer jogar a culpa nos governadores”, lamentou Lula.

“E veja o que vai acontecer: ao mexer no ICMS, os municípios vão perder dinheiro. Aí, a educação vai perder dinheiro, a saúde”, disse Lula, para quem a única estratégia de Bolsonaro é abrir guerra contra os governadores. Quem pagará é a sociedade brasileira, argumentou o petista. 

“Quando ele diz que vai fazer compensação, vai fazer até dezembro. Depois de dezembro, eu quero saber quem vai arcar com a falta de arrecadação dos municípios, que é onde o povo mora. É no município que o povo quer educação, saúde, tranquilidade, rua asfaltada, segurança. Os municípios vão ficar mais empobrecidos”, alertou Lula. 

Lula afirmou que desde o Getúlio Vargas, todos os presidentes do país, com exceção de Bolsonaro, civis e militares, brigaram para que o Brasil fosse autossuficiente em petróleo. “Quando isso aconteceu, o país resolve abandonar sua soberania”, observou. 

“A gente resolveu se subordinar às empresas que estão importando gasolina dos EUA. O presidente, fanfarrão, fica trocando o presidente da Petrobras para dizer que está tomando uma atitude, quando ele poderia chamar o presidente e o conselho da empresa e de política energética, e tomar uma decisão”.

Lula ainda advertiu que a briga em torno da redução do ICMS não vai resultar em redução dos preços nas bombas, nem do botijão de gás. “Seria muito mais simples ele chamar a Petrobras e dizer que é preciso parar. A mesma caneta que a gente assinou para internacionalizar os preços pode assinar para não fazer isso. Acontece que ele está com o rabo preso com as empresas que importam gasolina”, sentenciou Lula.