• Mandetta diz que pode rever quarentena, desaconselha cloroquina e nega demissão

    Publicado em 25.03.2020 às 20:43

    O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, alinhou-se ao discurso do presidente Jair Bolsonaro e afirmou, nesta quarta-feira (25), que vai rever a recomendação de quarentena contra o coronavírus.

    “Faz parte da situação, quando se fala de quarentena, nós errarmos ou calibrarmos, fazermos projeções questionáveis por ‘A’, por ‘B’ ou por ‘C’. Nós estamos começando o processo”, explicou Mandetta.

    Ele disse que, ao ouvir Bolsonaro e governadores, pediu às equipes técnicas da Saúde que estudem a efetividade de novas medidas e reconsiderem o isolamento social como contenção da pandemia mundial.

    “Quarentena sem prazo determinado para terminar vira uma parede na frente das necessidades das pessoas. As questões econômicas são importantíssimas e fizeram parte da linha da fala do presidente. Nós da saúde não podemos ser insensíveis”, justificou.

    O ministro, no entanto, reforçou que, futuramente, pode existir a possibilidade de reforçar o isolamento social. “Temos que ter muita calma, porque a quarentena é um remédio extremamente amargo, extremamente duro, e vai chegar a hora que vamos ter que usar”.

    Mandetta declarou que o momento é de olhar para a população e esquecer rusgas políticas. “Talvez ao término dessa histórica a gente saia maior, para ver que não dá mais para não ter saneamento, não dá mais para ter favela e achar que é cultural, não dá mais para ter o sistema de transporte hiperlotado. A gente vai ter que sair disso sem vencedor e sem perdedor. Sem apontar o dedo”.

    Talvez ao término dessa histórica a gente saia maior, para ver que não dá mais para não ter saneamento, não dá mais para ter favela e achar que é cultural, não dá mais para ter o sistema de transporte hiperlotado.

    Sobre boatos de demissão, o ministro negou que deixará o cargo. “Eu vou deixar muito claro: eu só saio daqui quando acharem que eu não devo mais trabalhar, se eu estiver doente ou no momento que eu achar que esse período de turbulência tenha passado e eu não possa ser mais útil.”

    O número de casos da covid-19 subiu para 2.433, conforme boletim divulgado pelo Ministério da Saúde nesta quarta-feira. As mortes causadas pela doença chegaram a 57. O índice mortalidade, portanto, é de 2,4%.

    Cloroquina

    O Ministério da Saúde desaconselhou a compra em farmácias do medicamento cloroquina, citado por Bolsonaro em pronunciamento nacional, na terça-feira. “Existe muito pouco trabalho sobre ele [o medicamento]. Muito poucas evidências, muito frágeis”, disse o ministro Luiz Henrique Mandetta.

    Mandetta e o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos, Denizar Vianna, anunciaram que vão disponibilizar 3,4 milhões de unidades da cloroquina aos estados, mas com restrição para uso hospitalar e em casos graves. “Não usem esse medicamento fora do ambiente hospitalar. Isso não é seguro. Tem que ser feito de forma segura”, disse Viana.

    O ministro recomendou às pessoas que compraram o remédio motivados por declarações infundadas que o devolvam. “O mais correto a fazer é pegar a caixa, entregar para o farmacêutico, a um hospital ou posto de saúde. Se você não tem malária, não tem artrite reumatoide, você não deve fazer uso desse medicamento”. (Brasil de Fato)