Diversificar parceiros comerciais. Essa foi a principal mensagem do 9º Encontro Internacional de Comércio Exterior (Eice), realizado terça-feira (08/11), na Casa da Indústria, dentro da programação do 1º Congresso da Indústria Goiana. O evento, que reuniu centenas de empresários e profissionais do setor, contou com participação de diplomatas de oito países da América Latina, América do Norte e Europa e de compradores internacionais da América do Sul.

Organizado pelo Conselho Temático de Comércio Exterior (CTComex) da Fieg e pelo Centro Internacional de Negócios (CIN), o 9º Eice contou com palestra magna de Luís Artur Nogueira, economista, jornalista e educador financeiro, além de apresentação do programa SelectUSA pelo cônsul comercial dos Estados Unidos em São Paulo, Michael Marangell, e de palestras sobre proteção da propriedade intelectual e logística e infraestrutura, com representantes do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e Grupo Porto Seco Centro-Oeste, respectivamente.

“O Eice é a principal vitrine do setor no Centro-Oeste. Um encontro já consolidado, em que os empresários carimbam passaporte para conquistar novos mercados e expandir seus negócios além-fronteiras”, afirmou o vice-presidente da Fieg Flávio Rassi na abertura do evento. Ele destacou a pujança da economia goiana, que também mostra sua força no comércio exterior. “Nossa indústria é responsável por 26,5% das exportações do Estado e há um cenário de grande potencial de crescimento.”

O presidente do CTComex, William O’Dwyer, também destacou a força do setor em Goiás. “Hoje temos nossos produtos atravessando o mundo. O made in Goiás briga em todos os mercados com grande diversidade de produtos”, afirmou, ao ressaltar que a Fieg ajudou a construir essa nova realidade.

De olho nas novas oportunidades e com objetivo de avançar na agenda de internacionalização das empresas goianas, o encontro pautou as discussões no tema Planejando Estratégias de Competitividade Internacional para Empresas Goianas. Já na palestra magna, Luís Artur Nogueira destacou que o mundo precisou de uma pandemia para perceber que não pode ser tão dependente de uma única economia.

Com uma palestra interativa, que contou com participação do público por meio de enquetes em tempo real, o economista analisou a atual conjuntura política e econômica do Brasil e do mundo e as oportunidades que as empresas têm de ampliar negócios com outros países. Nesse sentido, Nogueira falou sobre a força e resiliência da economia norte-americana, a importância de retomar o comércio com a Argentina e a necessidade de ampliar a exportação de produtos com valor agregado para a China.

“O Brasil é disparado a maior economia da América Latina. Precisamos trabalhar pela derrubada de barreiras ao nosso agronegócio e retomar a exportação de produtos industrializados a parceiros estratégicos da América do Sul.”

Para ele, exportar é mais que ampliar receitas, é diversificar riscos. “São muitas as oportunidades para ampliação do comércio exterior no ano que vem e Goiás tem vários diferenciais, com amplo mix de empresas de todos os portes e com segmentos diversificados aptos a exportar. Quando a empresa exporta há uma mudança de mindset na gestão, que a torna mais competitiva.”

O especialista alertou ainda sobre a importância de a próxima gestão à frente do governo federal manter o tom pragmático na condução da economia, avançando em pautas estratégicas à competitividade do setor produtivo, como as reformas tributária e administrativa, e o compromisso com a responsabilidade fiscal. “A transparência deve nortear todo o processo e acredito que o novo governo deve manter uma pauta econômica liberal.”

SELECT USA – A programação do 9º Eice abordou também o programa SelectUSA, voltado a ajudar empresas estrangeiras a escolher os Estados Unidos não apenas como destino para sua internacionalização, mas como parceiro para inovação, base para exportações e sede de negócios. A apresentação do cônsul comercial dos Estados Unidos em São Paulo, Michael Marangell, mostrou os diferenciais da iniciativa e o apoio que empresas brasileiras recebem na jornada de internacionalização.

“Utilizamos de todas as ferramentas, informações, estrutura e conhecimento do governo federal dos Estados Unidos para fomentar negócios numa escala global. Nosso trabalho, desenvolvido por especialistas em negócios internacionais, possibilita que pequenas e médias empresas possam compreender todas as etapas necessárias para se tornarem exportadoras”, explicou o diplomata.

Segundo Marangell, o programa apoia a realização de missões brasileiras a grandes feiras e eventos de negócios nos Estados Unidos, além de fomentar trocas de boas práticas e experiências. “Empresas brasileiras têm um apetite natural pelo mercado dos Estados Unidos, e nós temos as ferramentas para ajudá-las a iniciar esse processo de expansão internacional.”

Maior economia do mundo, com Produto Interno Bruto (PIB) de mais de 23 trilhões de dólares, os EUA se destacam pela base diversificada, inovadora e que passa por um processo acelerado de transformação para se adaptar às tendências. “Um ponto importante com relação ao Brasil é que somos o principal importador de produtos manufaturados do País, o que demonstra a abertura da economia americana para produtos e serviços brasileiros com valor agregado.”

RODADA DE NEGÓCIOS – Ainda dentro da programação do 9º Eice, foram promovidas rodadas de negócios e visitas técnicas de compradores internacionais a indústrias goianas. No total, seis empresas estrangeiras da Argentina, Bolívia, Colômbia, do Chile, Peru e Uruguai reuniram-se com 23 indústrias fornecedoras goianas, com estimativa de negócios que superam US$ 5,8 milhões para os próximos 12 meses. 

Além de reuniões, os compradores também fizeram visita técnica, quarta-feira (08/11), às indústrias GSA e Vitalife Cosméticos e ao Instituto Senai de Tecnologia em Alimentos e Bebidas (IST), em Goiânia. O objetivo é ampliar negócios nos setores de higiene pessoal, perfumaria, cosméticos e alimentos e bebidas.

O 9º Eice foi uma realização conjunta com o Sebrae, com patrocínio do Grupo Porto Seco Centro-Oeste e apoio dos Correios. Entre outros, participaram do encontro o diretor-superintendente do Sebrae Goiás, Antônio Carlos de Souza, o superintendente estadual dos Correios em Goiás, Frank Moura, o diretor de Operações do Grupo Porto Seco, Everaldo Fiatkoski, e a chefe do escritório regional Centro-Oeste do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), Milene Dantas.