Marden Júnior inaugura, em Trindade, na terça-feira (26/09), o primeiro Centro Municipal de Atendimento ao Autista de Goiás

Publicado em 22.09.2023 às 23:25

O prefeito Marden Júnior inaugura, na terça-feira (26/09), o primeiro Centro Municipal de Atendimento ao Autista de Goiás. A unidade foi construída com recursos próprios do município.

A iniciativa da Prefeitura de Trindade, por meio da Secretaria de Saúde, vai atender exclusivamente SUS com uma linha especial de cuidados para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). 

A estrutura proporcionará acolhimento, cuidado e promoção de saúde integral, a partir das necessidades de cada paciente. 

De acordo com levantamento feito pela Secretaria de Educação, Trindade possui cerca de 600 crianças diagnosticadas e matriculadas em Cmeis e escolas do município.

Inicialmente, o Centro Municipal de Atendimento ao Autista terá capacidade para atender 50 pessoas diagnosticadas com TEA. 

Para ter acesso, pai, mãe ou responsável deve levar a criança/adulto para uma consulta na Unidade Básica de Saúde (UBS) com cartão SUS cadastrado no município de Trindade. O médico vai verificar se existe suspeita ou evidência clínica. 

A partir daí, a solicitação médica deve ser protocolada na Secretaria Municipal de Saúde de Trindade, onde o Departamento de Regulação vai encaminhar demanda ao Centro Municipal de Atendimento ao Autista. 

Na unidade de saúde, será agendada a avaliação médica especializada onde o médico vai verificar quais as necessidades específicas. Sendo comprovado TEA, o paciente será encaminhado à equipe multidisciplinar para o início das terapias.

Caso não seja confirmado o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista o paciente será encaminhado para outra rede de atenção à saúde no município. 

A equipe multidisciplinar do Centro Municipal de Atendimento ao Autista será composta por coordenadora, médica neuropediatra, fonoaudiólogas, psicólogas, psicopedagoga, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, nutricionistas, recepcionistas e auxiliar nos serviços gerais. 

Para fortalecer o vínculo junto ao município, as famílias encaminhadas à rede de apoio vão contar ainda com atendimentos em outras quatro secretarias do município. 

Na Assistência Social, as famílias terão garantidos os direitos do indivíduo com TEA. Na Educação, apoio de psicopedagogas da rede municipal.

Na Secretaria de Cultura e Turismo, atividades artísticas e aulas de violão. Na pasta de Esporte e Juventude, atividades saudáveis e lúdicas.

Para a inclusão no Centro Municipal de Atendimento ao Autista é preciso cumprir os seguintes critérios: ter diagnóstico ou suspeita de TEA e cartão SUS cadastrado no município de Trindade. 

Existem também critérios para exclusão que devem ser cumpridos: usuários com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH); dificuldade de aprendizagem (dislexia, disgrafia, discalculia, disortografia); transtornos psiquiátricos; Paralisia Cerebral (PC) sem comprometimento intelectual; deficiência auditiva e visual sem comprometimento intelectual; com cartão SUS cadastrado em outro município; não comparecer na consulta inicial de avaliação; e não cumprir com assiduidade e comprometimento as terapias.

Para ter acesso aos serviços no Centro Municipal de Atendimento ao Autista também foram criadas regras para a criança/adulto e profissionais da unidade. 

As terapias vão durar 40 minutos por sessão/paciente; não será permitido atraso superior a 10 minutos, ocasionalmente e com justificativa pertinente; todos os atendimentos deverão ser descritos em fichas de prontuário fornecidas pela unidade de saúde, com evolução clínica detalhada, carimbo, assinatura do profissional e responsável. 

A mais: caso ocorra alguma intercorrência durante as sessões, atraso ou falta também deverá ser registrado; cada profissional será responsável pela guarda do prontuário de acordo com sua especialidade; falta sem justificativa por duas sessões, o paciente terá alta e desligado do tratamento. 

TEA
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é resultado de alterações físicas e funcionais do cérebro e está relacionado ao desenvolvimento motor, da linguagem e comportamental. O TEA afeta o comportamento da criança.

Primeiros sinais de autismo são atrasos na linguagem, diferenças comportamentais, dificuldade na interação social. Ainda que os sinais possam ser sutis, podem estar presentes antes mesmo do primeiro ano de vida.

O autismo afeta o desenvolvimento de crianças em três áreas: comunicação, socialização e comportamento. 

Não existe um exame que possa determinar que a pessoa está no espectro autista. Ao contrário disso, o diagnóstico é clínico e feito de maneira observacional, com apoio de uma equipe multidisciplinar e de profissionais da neuropediatria ou psiquiatria infantil.

Não existem números oficiais sobre o autismo no Brasil e nem em Goiás, porque faltam pesquisas de órgãos públicos ou iniciativa privada sobre o TEA. 

Esse é um problema apontado pelos representantes sociais de familiares e amigos de autistas já que assim não é possível sequer criar políticas públicas voltadas para o atendimento a essa parcela da população. 

Dados do Canal Autismo 2023
www.canalautismo.com.br

Estima-se que o Brasil (2023) tenha cerca de 6 milhões de autistas ou mais. Não há pesquisa no país, nem o Censo apresentou dados.

Os dados analisam pesquisas científicas realizadas em algumas partes do mundo, principalmente nos Estados Unidos. 

É feita uma média espelhada onde a cada 36 nascimentos ao menos 1 pode ser um bebê autista. 

Com uma população brasileira de aproximadamente 216 milhões de pessoas, os pesquisadores chegaram a cerca de 6 milhões de autistas no Brasil.

O número deve ser maior porque o estudo limita-se a crianças de 8 anos. 

Com a ampliação da faixa etária, o número aumenta. Existem os diagnósticos tardios na vida adulta também.

O Brasil, porém, não tem nenhum número oficial a respeito da prevalência de autismo no país.

Existe um projeto com o objetivo de traçar um perfil sociodemográfico das pessoas autistas no Brasil, chamado “Mapa Autismo Brasil” (@mab.autismo). 

No Censo 2022, o IBGE fez a inclusão de uma pergunta sobre autismo no questionário de amostra, que é mais detalhado e utilizado somente em 11% da população. Não condiz com a realidade total do TEA no país.

Em Goiás, as instituições de apoio não possuem um número nem mesmo aproximado sobre a quantidade de pessoas dentro do TEA.