PAA para os agricultores familiares só na promessa?
Após a promessa de retomada do PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) no Brasil, pequenos agricultores familiares foram nesta semana em Brasília cobrar mais recursos para o campo.
A agricultura familiar, essencial para o abastecimento de alimentos saudáveis no Brasil, vive um momento de desafios renovados, mesmo após a retomada do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Com 21 meses desde sua reintegração, lideranças de agricultores familiares buscam em Brasília uma solução para os novos obstáculos que surgem após a retomada da produção.
O foco agora está na comercialização e na disponibilidade de recursos suficientes para garantir a continuidade do programa, que, apesar de seus benefícios, ainda enfrenta dificuldades no processo de financiamento e pagamentos.
Em uma carta enviada à Diretoria Executiva da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), lideranças de cooperativas e associações de Goiás pediram urgência na disponibilização de agendas para discutir o futuro do PAA. O ofício destaca que, embora tenha sido anunciado um orçamento de R$ 2,5 bilhões para o programa durante o lançamento do Plano Safra, o setor ainda enfrenta a falta de pagamentos das propostas apresentadas no ano passado, além da indefinição sobre a abertura do sistema PAANET, essencial para a formalização das novas propostas.
A situação é especialmente delicada para os produtores que retomaram suas atividades após um longo período de incertezas. A produção de alimentos por parte das famílias agricultoras no país avançou, mas as dificuldades na comercialização se agravam, pois o atraso nos repasses e a falta de uma previsão clara para o ano 2025 geram insegurança nas cooperativas e associações.
“Estamos vendo uma retomada importante da produção, mas esbarramos na dificuldade de escoar a produção. O PAA sempre foi um apoio crucial para a venda desses produtos, mas sem os recursos e a definição de prazos, não sabemos como seguir em frente”, explicou o presidente de uma das cooperativas presentes na reunião, destacando a urgência da situação.
O contexto mostra que, enquanto o governo federal enaltece a importância da agricultura familiar e destaca investimentos para o setor, a realidade no campo é outra. O tempo está se esgotando e os agricultores aguardam com ansiedade uma resposta do governo, que deve definir as diretrizes e garantir a continuidade do programa, fundamental para a subsistência e desenvolvimento dessas famílias no Brasil.
Para o agricultor e presidente da COOPERAGROFAMILIAR, Cooperativa de Niquelândia, Cirino Vicente Ferreira, “é preciso dar mais respostas concretas e rápidas, no campo para as famílias que são responsáveis por produzir os alimentos que estão ajudando e reduzir a fome no país, pois a fome não espera. Confiamos naquilo que o presidente Lula fala, para isso sua equipe precisa estar mais antenada com a ponta, onde, a política pública tem que chegar”, desabafou.
A mobilização é apenas um dos exemplos de como o setor precisa de um apoio mais consistente, que vá além da retomada de programas e atenda às necessidades emergentes da agricultura familiar no país. Para os agricultores, o desafio agora é conseguir manter a produção e encontrar meios de comercializar os alimentos, enquanto aguardam uma solução urgente das autoridades em Brasília, ressaltam as lideranças de cooperativas e associações goianas.