Empresas adotam propósito evolutivo para se adaptarem às tendências do futuro mercado
Submerso em meio às tarefas diárias, olhar para a história e os processos empresariais foi o ponto de virada para o empreendedor Rodrigo Tolledo, que atua com produtos esportivos e tem como objetivo aumentar seus pontos de venda em todo o Brasil. Atento às tendências, ele integra tecnologia à produção sustentável e já opera 100% com energia solar. No entanto, percebeu a necessidade de alinhar esses avanços para engajar suas equipes e, consequentemente, reposicionar sua marca no cenário nacional.
Responsável pela Tolledo Sports, ele comenta que o primeiro passo para direcionar o crescimento da empresa foi um diagnóstico do negócio. “Precisávamos de uma visão externa e, assim, convidamos uma estrategista de negócios para nos auxiliar nesta etapa e foi fundamental para que priorizássemos o que, realmente, nos traria resultados”, conta. A partir desse estudo, que foi fundamentado em pesquisas com clientes, colaboradores, parceiros e na história da marca e seus fundadores, foi possível traduzir o processo evolutivo do negócio.
Depois de se consolidar como uma grande fábrica, fechou parcerias nacionais e ampliou o quadro de profissionais que saltou de 170 para 200. Uma expansão que refletiu diretamente na linha de produção e agora impacta no planejamento para 2025, período em que Rodrigo Tolledo pretende dobrar o faturamento até dezembro. “Temos clareza sobre o nosso posicionamento enquanto negócio e estamos agora na fase de reorganizar as atividades da empresa e mapear os processos internos para permitir atingir essa meta audaciosa de 100% de crescimento”, afirma o empresário, que destaca o apoio da estrategista de negócios Julliane Cardoso, que defende a simplificação de processos e a integralização das pessoas, por meio de uma cultura alinhada aos propósitos da empresa, como o caminho para a máxima eficiência.
De acordo com ela, a definição de um propósito evolutivo claro permite um trabalho genuíno com a equipe. “Estamos mapeando os processos para focar no que realmente importa, reduzir desgastes e criar um ambiente mais produtivo”, afirma a jovem de 34 anos que tem conquistado o mundo com ideias disruptivas. Após temporada na Inglaterra e Portugal, ela trouxe para Goiânia, a Ondah, um novo conceito de consultoria de inovação para empresas.
Ela conta que, no caso da Tolledo Sports, um dos objetivos é reduzir a rotatividade e construir um clima organizacional melhor. “Percebemos na prática que uma cultura enraizada em um propósito verdadeiro se torna mais forte e, automaticamente, o clima organizacional fica mais saudável, pois todos estão olhando para a mesma direção. Isso impacta positivamente na produtividade e no engajamento dos colaboradores”, garante a especialista.
Segundo Julliane, quanto mais conscientes e engajadas as pessoas, mais a empresa cresce. “À medida que uma empresa se preocupa demais com os processos, automatizações por meio de tecnologias, como a Inteligência Artificial, e, por outro lado, negligencia a força do capital humano, pode ter perdas. Quando as pessoas não se sentem parte do negócio, mas apenas mais um número dentro da companhia, elas fazem apenas o suficiente para garantir seus empregos,” pontua. A estrategista de negócios destaca ainda que, por outro lado, quando o senso de pertencimento é desenvolvido, por meio de um propósito verdadeiro e não apenas declarações frias e, às vezes, cínicas de missão, as pessoas se interessam realmente em dar o melhor de si porque querem fazer parte.
A estrategista de negócios conta que na Toledo Sports dar voz à equipe está gerando mais clareza para a administração de forma global. “A primeira coisa é olhar para o negócio e ter a clareza de onde quer chegar, mas isso não é respondido apenas com números. As análises quantitativas podem ser melhor aproveitadas quando incluímos observações comportamentais,” aponta a estrategista de negócios ao enfatizar a importância de estar atento a uma avaliação qualitativa do desempenho empresarial.
Da crise ao reposicionamento
Em um momento classificado como turbulento, a designer e diretora criativa da Thear, Theodora Alexandre, decidiu apostar em um diagnóstico do propósito evolutivo da marca para orientar o modelo de negócio e ampliar a sua presença no mercado. A marca, que nasceu em Goiânia da fusão entre o tear, aparelho para tecelagens e o seu nome, ganhou o Brasil após participações em edições do São Paulo Fashion Week e da Casa de Criadores também em São Paulo. “Iniciei essa orientação durante uma nuvem cinza e a consultoria me trouxe para o agora dizendo que ia dar certo. Eu não enxergava ‘esse certo’. É um processo muito profundo e humanizado, tem acolhimento, questionamento e reposicionamento. Indicaria para pessoas que estiverem preparadas para evoluir junto com a sua própria história”, relata.
Theodora afirma que antes não tinha total clareza sobre a direção da marca enquanto negócio e isso refletia nas pessoas com quem trabalhava direta e indiretamente. Durante as etapas da consultoria, ela comenta que foi percebendo que produz roupas com memórias. “Esse ponto, que agora parece simples, não estava explícito até então. Essa clareza me trouxe segurança suficiente para dar passos mais ousados e até mesmo para contratar as pessoas com o perfil mais adequado aos valores da marca, orientá-las não só em termos práticos, mas também de modo inspiracional. Agora, eu sei onde eu quero chegar e tenho um time mais engajado e produtivo”, garante.
Para Julliane, descobrir aquilo que, realmente, move um negócio e como os gestores o vê no futuro é fundamental para saber onde concentrar energia. “Não trata-se apenas de economia de tempo, mas economia de energia e direcionamento mais assertivos de esforços. Com isso, é possível, inclusive, reavaliar e, até mesmo, cortar processos e atividades, assim como pessoas e parcerias que não fazem sentido”.
A estrategista de negócios comenta que essa metodologia de trabalho surgiu como uma resposta à insatisfação com os modelos tradicionais de gestão. “Numa era de fórmulas mágicas e respostas rápidas, observamos um fenômeno de desconexão entre as marcas, colaboradores e clientes. Para romper esse ciclo, é importante olhar para além do lucro e identificar qual é o porquê daquela marca, o movimento que unifica e inspira aquele negócio a existir no mundo. A resposta nunca é um número”, diz Julliane ao reforçar que a sua metodologia de trabalho se assemelha a uma caixa de ferramentas adaptável e flexível, que é desenhada conforme o contexto e as demandas específicas de cada empresa e seus respectivos desafios.
Ela avalia que, em geral, os diversos métodos focados apenas nos resultados de vendas são ineficientes a longo prazo porque são incompletos. O mercado são as pessoas, e elas não são movidas apenas por números. Como alternativa a esse movimento, Julliane propõe uma metodologia que parte de três valores principais: a simplificação dos processos como o caminho para o ápice da eficiência. “Numa era de excesso de informação e crises de overthinking, simplificar processos para focar no que realmente importa não é somente saudável, é mais inteligente e lucrativo. Se sabemos que as pessoas precisam de algo além do dinheiro para se motivar, é preciso encontrar esse elo de propósito que une empresa, colaboradores e clientes. Mas para isso, é preciso primeiro encontrar algo verdadeiro, e não uma frase de efeito que depois vira piada nos corredores, essa essência já está presente em qualquer organização e ela é o seu propósito evolutivo, só é preciso tomar consciência dela e torná-la parte do dia a dia do negócio,” finaliza a estrategista.