TVs em UTIs do HMAP humanizam o cuidado e promovem bem-estar a pacientes críticos
Duas televisões instaladas em leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia – Iris Rezende Machado (HMAP) estão transformando a rotina de pacientes internados em estado crítico. A iniciativa, fruto de uma doação do Voluntariado Einstein, reforça o compromisso do HMAP, unidade da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), construída e mantida pela prefeitura e gerida pelo Einstein, com práticas de cuidado mais humanizadas e centradas no bem-estar integral do paciente.
“A Saúde Pública de qualidade deve ir além do atendimento clínico eficiente e enxergar o ser humano em sua totalidade. A tecnologia, nesse caso, não serve apenas para o tratamento médico, mas também reconecta o paciente à sua identidade e à sua história. Muitos estudos já indicam que o bem-estar emocional influencia diretamente na recuperação clínica”, frisa o secretário municipal de Saúde, Alessandro Magalhães.
De acordo com a equipe assistencial, a simples retomada do hábito de assistir à TV pode amenizar a sensação de isolamento e gerar efeitos positivos no comportamento dos pacientes, como menor agitação, mais colaboração com o tratamento e até melhora no humor. “Assistir a um programa favorito, uma novela familiar ou acompanhar o jogo do time do coração permite que o paciente resgate parte da sua rotina e identidade, trazendo conforto emocional em meio ao ambiente hospitalar”, explica Renata Cyrino, coordenadora da UTI do HMAP.
Na primeira vez em que as TVs foram utilizadas na UTI do HMAP, a coordenação desenvolveu uma espécie de sessão de cinema, com direito a cardápio especial. A nutrição preparou milkshake e sanduíches e o núcleo de experiência do paciente distribuiu ingressos para tornar o ambiente mais agradável, humanizado e acolhedor.
Embora os impactos ainda não sejam mensurados formalmente, os sinais subjetivos reforçam o potencial da TV como ferramenta de acolhimento, leveza e pertencimento dentro da UTI. “Estar na UTI pode ser uma experiência solitária e angustiante. A TV traz a sensação de normalidade, ajuda o paciente a se conectar com o mundo externo e favorece o conforto emocional durante o tratamento”, observa a coordenadora.
Humanização
A humanização do atendimento tem se mostrado uma tendência fundamental para a saúde moderna. No HMAP, o objetivo não se restringe a tratar a doença, mas cuidar da pessoa como um todo, respeitando sua dignidade e necessidades emocionais, o que inclui a importante missão de envolver a família nesse cuidado. “A família não deve ser vista apenas como uma visita, mas como parte essencial do paciente enquanto ser humano. Ela carrega histórias, afetos e referências que ajudam a construir um cuidado mais completo, mais respeitoso e verdadeiramente centrado na pessoa”, explica Renata.
A equipe orienta tanto a família quanto o paciente em relação à programação e ao conteúdo transmitido, que devem ser leves, conhecidos e tranquilos. Evita-se, por exemplo, notícias que possam gerar estresse. O tempo de exposição também é acompanhado, sempre com bom senso e considerando o estado clínico e emocional do paciente. Além disso, com base em decisões individualizadas e na observação contínua, quando necessário, a TV é desligada para preservar o descanso e o sono.
Além do uso da TV, foram desenvolvidas ações voltadas à presença da família, como o horário estendido de visita à UTI. Dependendo da avaliação da equipe, é possível até mesmo um acompanhante. Outras iniciativas foram colocadas em prática para facilitar a comunicação com pacientes intubados, a ambientação da unidade e a prevenção do delirium, como, por exemplo, comemorar o aniversário do paciente no jardim da unidade, promovendo um momento festivo.
Pedro Vieira, diretor da unidade, considera que essas iniciativas tornam o ambiente da UTI mais receptivo tanto para pacientes, quanto para familiares. “Nosso objetivo é cuidar do paciente como um todo – do corpo, da mente e das emoções. Precisamos desmistificar a ideia da UTI como um espaço de terminalidade. Ela é, na verdade, uma etapa do cuidado, que deve sinalizar continuidade, onde há espaço para a vida, para o vínculo e para o afeto”, conclui