Pandemia empurra economia mundial para pior recessão desde 1929
A União Europeia anunciou, após acordo firmado entre os 27 ministros do bloco, a liberação de um pacote de 540 bilhões de euros para ações de estímulo econômico ao continente. O auxílio chega em um momento dramático de pico da pandemia do coronavírus na Europa, cujas maiores economias já enfrentam um cenário devastador de recessão. Em um cenário de mais de 1,6 milhão de casos e 100 mil mortes no planeta, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê um horizonte nebuloso, com a chegada da pior recessão econômica desde a Crise de 1929.
A França anunciou queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 6%, aumentando temores de que as medidas de estímulo anunciadas na Europa podem não ser suficientes para possibilitar uma recuperação sólida em um mundo pós pandemia. Enquanto isso, nos Estados Unidos, o novo epicentro da doença, 16 milhões de desempregados e centenas de mortos anunciados todos os dias também colocam em xeque a capacidade de resposta do governo Trump à crise. Segundo o jornal americano The New York Times, há um consenso entre economistas de que o presidente Donald Trumpsubestimou o tamanho da catástrofe encapsulada pelo coronavírus.
“As agências federais, trabalhando em conjunto com Wall Street, mostraram-se mal equipadas para transferir dinheiro rapidamente para onde era mais necessário”, aponta reportagem do jornal. Trump agora corre atrás do prejuízo articulando no Congresso a aprovação de um novo plano emergencial de 250 bilhões de dólares para salvar pequenas empresas. O Congresso americano já aprovou pacotes no valor de 2,3 trilhões de dólares.
No meio da guerra, donos de restaurantes e pequenos estabelecimentos, informa o diário americano, reclamam da demora para sair a ajuda do governo. Segundo o dono de uma rede de 21 restaurantes em Ohio, Cameron Mitchell, a pandemia poderá custar aos Estados Unidos um quarto de seus restaurantes. “Precisamos de ajuda adicional, caso contrário os EUA não terão uma indústriade restaurantes para a qual voltar”, afirma.
Países emergentes correm alto risco
Com a atividade econômica à beira do precipício, o Fundo Monetário Internacional (FMI) retirou do tabuleiro qualquer projeção de cenário modestamente mais otimista. A diretora-geral do Fundo, Kristalina Georgieva, disse que o cenário de crescimento da renda per capita de 160 dos 189 países em 2020 simplesmente desapareceu, com a pandemia “alterando a ordem econômica e social na velocidade de um raio”.
No momento, explica Georgieva, o número se inverteu: “mais de 170 países terão crescimento negativo este ano”, afirmou ela, em mensagem nas redes sociais. O FMI deve publicar na terça-feira (13) um novo relatório com possíveis cenários e mais recomendações de medidas de urgência.
Para Georgieva, o cenário é de completa incerteza.”Pode piorar. Depende de muitos fatores variáveis, incluindo a duração da pandemia”. O FMI prepara o anuncio de um fundo para empenhar US $ 1 trilhão em empréstimos aos países mais afetados. “Estamos respondendo a um número sem precedentes de pedidos de financiamento de emergência de mais de 90 países até agora”, disse ela.
A diretora do Fundo alerta para o impacto direto da crise sobre as nações em desenvolvimento. “Os mercados emergentes e as nações de baixa renda, por toda a África, a América Latina e boa parte da Ásia, correm alto risco”, adverte Georgieva. “Estimamos que as necessidades brutas de financiamento externo para mercados emergentes e países em desenvolvimento chegarão a 2 trilhões de dólares, e eles só podem cobrir uma parte disso. Precisam de ajuda urgente”.
Impasse na União Europeia
Na esteira do anúncio o bloco não chegou a um consenso sobre a emissão em conjunto de títulos da dívida publica como parte da ação para conter a crise. A proposta, defendida por França, Espanha e Itália, traria um pouco de alívio aos países mais atingidos. Mas encontra a resistência de países como Alemanha e Áustria. A chanceler alemã Angela Merkel diz que defende a solidariedade entre os países mas não encampa o pleito dos países do sul.
A maior queda de braço vem sendo travada com a Holanda, para quem a emissão conjunta dos títulos é simplesmente dividir o prejuízo da crise.
Da Redação, com agências internacionais