‘Sabemos que os números são subestimados’, diz Mandetta. ‘Maio e junho serão duros’
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou neste domingo (12) em entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo, que os números e consequências da pandemia do novo coronavírus irão piorar muito. O Brasil confirmou ontem a ocorrência de 1.223 mortes e 22.169 casos de covid-19, mas Mandetta admite: “Nós sabemos que esses números estão subestimados“.
Sobre essa subnotificação, o ministro descarta que afete a dosagem das medidas que as autoridades têm de tomar. Isso porquê, segundo ele, sua pasta trabalha com projeções “matemáticas” que vêm se confirmando. Porém, Mandetta admite no Fantástico que os meses de maio e junho trarão 60 dias muito duros.
“Sabemos também desde o início que fizemos a projeção que a segunda quinzena de abril seria a quinzena que aumentaríamos e que o mês de maio e junho seriam os meses de maior estresse pro nosso sistema de saúde”, afirma.
“Nós estamos agora vivendo um pouco do que fizemos duas semanas pra trás.” O país está se aproximando, segundo ele, de um tempo em que dirá “olha, vocês não fizeram o que tinham que fazer, por isso o sistema está entrando em colapso.”
As diferenças de conduta entre o ministro da Saúde e o presidente da República também foram abordadas na entrevista. Mandetta teve demissão dada como certa no início da semana passada, depois de sucessivas declarações e ações de Jair Bolsonaro contrariando as orientações do ministério e da maioria dos governos estaduais.
Maus exemplos
Em meio ao suposto confronto, chegou a cogitar uma flexibilização nas medidas de isolamento social que vem defendendo, com vistas a permitir alguma retomada de atividade econômica. Na entrevista, porém, voltou a expor, ainda que de maneira comedida as divergências.
Questionado explicitamente sobre o fato de Bolsonaro “contrariar” recomendações na frente do próprio ministro, o ministro foi lacônico: “Ela (a relação com Bolsonaro) preocupa, porque a população olha e fala: mas será que o ministro é contra o presidente?”, responde, completando que o brasileiro “não se sabe” se ouve o ministro ou o presidente.
Bolsonaro e Mandetta, ao lado do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), participaram juntos de um ato político no sábado (11), que promoveu grande aglomeração. Os três visitaram obras de um hospital de campanha na cidade goiana de Águas Lindas, reunido e expondo a riscos de contaminação uma pequena multidão. (Rede Brasil Atual)