Governo de Goiás altera forma de coleta para o Teste do Pezinho durante pandemia de covid-19
O Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO), realizou mudanças na coleta do material para a realização do Teste do Pezinho como forma de garantir a prevenção da doença pelo coronavírus 2019 (covid-19) nas mulheres no pós-parto e nos bebês. A coleta para a realização do exame – imprescindível para a constatação precoce de doenças raras nos recém-nascidos – era feita, na maioria dos casos, nas unidades básicas de saúde, entre o terceiro e o quinto dia após o nascimento da criança. Com a situação de emergência em saúde pública devido à covid-19, o material deve ser coletado nas maternidades de hospitais públicos, filantrópicos e particulares, preferencialmente antes da alta hospitalar do bebê, para evitar que a mãe, acompanhantes e a criança vão até um posto de saúde dias após saírem da internação pós-parto.
Essa determinação está prevista na Portaria 526/2020, editada pela SES-GO e publicada no Diário Oficial do Estado de Goiás no dia 2 de abril deste ano. O documento considerou decretos governamentais do Estado de Goiás e recomendações técnicas do Ministério da Saúde. O texto prevê que, nos casos de impossibilidade de a coleta do sangue no pé da criança ser realizada antes da alta hospitalar e, tratando-se de usuário do Sistema Único de Saúde (SUS), o procedimento será mantido nas unidades básicas de saúde, preferencialmente de forma domiciliar ou por meio do agendamento prévio por telefone. Deve ser respeitado o prazo ideal para a coleta, entre o segundo e o quinto dia de vida do bebê.
Da mesma forma, os laboratórios privados devem manter a coleta e realização do exame, dando preferência à coleta domiciliar ou agendamento, respeitando as estratégias para diminuição do contágio da covid 19 e o prazo ideal para a realização do Teste do Pezinho. Antes, cerca de 1.300 unidades básicas de saúde (UBS) estavam aptas a realizarem o exame em todo o território goiano.
Direito da criança
O Teste do Pezinho é capaz de detectar precocemente seis doenças genéticas, todas de natureza grave. O exame constitui um direito do bebê previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). “Esse exame é importante, pois detecta doenças antes dos sintomas clínicos aparecerem. Com o diagnóstico, tem início o tratamento precoce”, explica a coordenadora de Triagem Neonatal da Superintendência de Atenção à Saúde da SES-GO, Eliane Santos.
Em Goiás, depois da coleta, todos os cartões com as amostras de sangue desidratado são encaminhados em envelopes franqueados para o Laboratório Especializado de Triagem Neonatal da Associação de Pais e Amigos de Excepcionais (Apae), em Anápolis.
A entidade, cadastrada pelo Ministério da Saúde em Goiás, é dotada de equipamentos de última geração e também habilitada pelo Governo de Goiás, por meio da SES-GO, como referência estadual para a realização do exame. Todos os meses, o laboratório faz a análise dos testes de aproximadamente 6 mil crianças e oferece atendimento ambulatorial especializado para todos os casos confirmados.
A portaria destaca que o cuidado à puérpera e ao recém-nascido deve-se às questões de imunidade. Apesar de existirem poucas informações sobre mortalidade por covid-19 nesses dois grupos, é uma população vulnerável que merece atenção especial dos serviços de saúde. O recém-nascido herda certa imunidade de sua mãe, mas tem uma queda acentuada no primeiro mês de vida, tornando o bebê mais suscetível às infecções. Seu sistema imunológico está em desenvolvimento, ainda não produz a quantidade suficiente de anticorpos, por isso a importância do aleitamento materno. Já a puérpera está readaptando seu organismo, tem alterações hematológicas e hormonais próprias do período, que diminuem sua imunidade.
Embora seja um exame extremamente simples, o Teste do Pezinho pode mudar o futuro de uma criança. O exame é capaz de identificar a ocorrência de hiperplasia adrenal congênita, hipotireoidismo congênito, fenilcetonúria, doenças falciformes e outras hemoglobinopatias, fibrose cística e deficiência da biotinidase. Todas são consideradas doenças raras.
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado