Trump reclama “autoridade total” na tomada de decisões sobre a pandemia
Donald Trump garantiu possuir “autoridade total” no que toca às medidas impostas durante a pandemia de Covid-19, que em apenas 24 horas fez 1509 mortos nos Estados Unidos. O Presidente norte-americano disse ainda que não está a considerar despedir Anthony Fauci, perito em doenças infecciosas e conselheiro de saúde da Casa Branca, mesmo depois de um tweet polémico que referia esse despedimento.“Quando alguém é Presidente dos Estados Unidos, a autoridade é total”, frisou Trump durante o último briefing da Casa Branca, na noite de segunda-feira, depois de jornalistas terem sugerido que o seu poder estava restringido pelo federalismo norte-americano, que se baseia na transferência de determinados poderes do Governo para os 50 Estados.
Questionado sobre se algum dos governadores tinha concordado que a autoridade total pertencia ao Presidente, Trump respondeu que “não o perguntou a ninguém”. “Sabem porquê? Porque não preciso de o fazer”, acrescentou. De acordo com o Guardian, a afirmação de Trump foi vistapor analistas como uma errada e radical interpretação da Constituição.
Horas antes, Donald Trump tinha lançado um tweet no qual afirmava ter poder para anular as ordens dos governadores de cada Estado sobre a reabertura dos negócios não essenciais e espaços públicos, medidas que têm sido impostas para encorajar o confinamento domiciliário da população.
“Algumas notícias falsas dizem que a decisão de reabrir os Estados é dos governadores e não do Presidente dos EUA e do Governo Federal. Isso está incorreto. Essa decisão é do Presidente, e por muito boas razões. Posto isto, a Administração e eu estamos a trabalhar de perto com os governadores, e iremos continuar. Brevemente será tomada uma decisão, por mim em conjunto com os governadores, considerando a opinião de outros”, escreveu o Presidente.
A resposta concreta do Presidente apenas chegou mais tarde, via Twitter, onde publicou a linha cronológica das decisões tomadas em fevereiro. Decisões essas que terão passado por enviar uma equipa de especialistas à China para obter informação sobre o novo coronavírus, pelo envio de kits de teste a 30 países e pela imposição de restrições a viagens de e para vários países.
Despedimento de Fauci não estará em cima da mesa
Durante o briefing, Trump foi também questionado sobre o eventual despedimento de Anthony Fauci, perito em doenças infecciosas e conselheiro de saúde da Casa Branca, depois de no dia anterior o Presidente ter partilhado um tweet de uma republicana no qual era feito um apelo a essa demissão.
“Não, eu gosto dele. Acho-o fantástico”, garantiu, apesar de concordar que “desde o início” têm surgido confrontos de ideias entre ambos. “Não me importo com a controvérsia, penso que a controvérsia é uma coisa boa, não uma coisa má”, explicou Trump.
Quando questionado sobre se reparou na referência ao despedimento de Fauci quando partilhou o tweet, o líder disse “reparar em tudo”, mas considerou que se tratava apenas “da opinião de alguém”.
Os desentendimentos entre Trump e Fauci têm sido vários, tendo o mais recente surgido depois de o especialista afirmar que “se o processo de mitigação [nos Estados Unidos] tivesse começado mais cedo, poderiam ter sido salvadas vidas”.
Os Estados Unidos são, neste momento, o país mais afetado pela pandemia, contando com mais de 584 mil casos de infeção, nos quais se incluem 31 mil recuperados. O país regista mais de 23 mil vítimas mortais.
Fonte: RTP, emissora pública de Portugal