• Financial Times: Bolsonaro está entre os piores negacionistas do planeta

    Publicado em 16.04.2020 às 15:11

    O jornal inglês Financial Times, na edição desta quinta-feira (16) coloca o presidente Jair  Bolsonaro entre os líderes mundiais que estão num seleto grupo chamado “Aliança do Avestruz”, formado por políticos que se negam a adotar medidas drásticas para combater a disseminação do Covid-19. Ao lado de Alexander Lukashenko (Bielorússia), Gurbanguly Berdymukhamedov (Turquemenistão), Daniel Ortega (Nicarágua), Bolsonaro está entre os poucos chefes de Estado que se recusam a levar o  coronavírus a sério.

    A referência à ave, feita pelo professor Oliver Stuenkel, que dá aula de  relações internacionais da Fundação Getúlio Vargas, em  São Paulo, é porque o animal costuma enterrar a cabeça na areia quando enfrenta perigo. “Além dos riscos à  saúde de suas populações, essa negação pode acarretar custos políticos”, aponta o diário.  “A dissidência na Nicarágua está borbulhando, enquanto no  Brasil multidões participam de  protestosbatendo em panelas e gritando ‘Bolsonaro assassino!’ pelas janelas das cidades”.

    O jornal lembra que, quando o Brasil se tornou o primeiro país do hemisfério sul a atingir mil mortes por coronavírus, no último final de semana, “o presidente de extrema-direita saiu para um passeio em desafio ao isolamento social”, como tem recomendado a Organização Mundial de Saúde (OMS) e autoridades sanitárias.

    “Bolsonaro repetidamente tem minimizado o coronavírus, classificando-o como ‘histeria’ e – ecoando o presidente dos  EUA,  Donald Trump – elogiou o medicamento antimalárico hidroxicloroquina como uma possível cura, ordenando que laboratórios militares aumentem sua produção”, destaca o jornal. O FT lembra que ele tem andado pelas ruas, atraindo multidões em várias ocasiões. “O ex-capitão do Exército se gaba de que sua habilidade atlética o manterá saudável”, ressalta.

    O jornal finaliza que Bolsonaro pediu a reabertura de lojas – fechadas em todo o país – cuja população soma 211 milhões de pessoas, minando o próprio  Ministério da Saúde, e criticou os governadores estaduais como “assassinos de empregos” por impor quarentenas. “Mas ele isentou as igrejas dos bloqueios”, lembra.