‘Quando vejo o isolamento cair, meu coração se fecha’, lamenta infectologista
O índice de isolamento social está longe do ideal. No estado paulista, por exemplo, apenas 50% da população aderiu a quarentena, na última terça-feira (14), enquanto a adesão ideal para controlar a disseminação do coronavírus é de 70%.
Glória Brunetti, médica infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, afirma que o vírus é previsível e os outros países são exemplos de que só o isolamento social pode achatar a curva. “Quando vejo o isolamento cair, meu coração se fecha”, lamentou, em entrevista aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, na Rádio Brasil Atual.
O desequilíbrio no governo federal, como define Glória, e o suposto embate entre presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, atrasam o combate a covid-19. “O vírus não tem posição política e todo o descontrole político cria uma situação de desinformação. A OMS dá uma normativa mundial, mas você precisa aplicar à realidade do seu país e quem deve fazer isso é o Ministério da Saúde. Porém, a pasta precisa ter paz para poder fazer uma boa liderança.”
O boletim do Ministério da Saúde desta quarta (15) apontou que subiu para 28.320 o número de casos confirmados de coronavírus no Brasil. Foram 3.058 novas confirmações em 24 horas, o maior número até agora. O número de óbitos também aumentou, agora são 1.736.
Com regiões do país já sofrendo com a ocupação total de leitos, a infectologista afirma que a pandemia escancarou o sucateamento da saúde pública, que ocorre desde 2016. “Aqui no Brasil temos o SUS, mas o total da população ainda não entendia seu valor e, agora, começam a entender que o SUS precisa de mais verba, melhor gestão. É um sistema importante que estava sem recurso nos últimos anos.”
Sem milagres
A médica também pediu cuidado à população para não acreditar em remédios “milagrosos” contra o coronavírus. Nesta quarta, o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, Marcos Pontes informou que sua pasta testa um vermífugo para combater a covid-19.
“Todo mundo quer achar uma medicação ideal para o coronavírus, mas não podemos glorificar as coisas que não foram testadas”, alerta a médica.(Rede Brasil Atual)