Inovação deve ser motor condutor para superar crise do coronavírus
Mais de 200 integrantes da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) se reúniram nesta quinta-feira (16) para debater os dados da Pesquisa de Inovação (Pintec) e a importância dos investimentos em ciência, tecnologia e inovação (CT&I) em meio à pandemia da covid-19.
Responsável por conduzir a reunião, o líder da MEI e presidente do Conselho de Administração do Grupo Ultra, Pedro Wongtschowski, alertou que, neste momento de crise, é imprescindível que o setor produtivo, o governo e o Congresso Nacionalcaminhem juntos para que o Brasil enfrente o coronavírus com medidas eficazes apoiadas pela inovação.
“A pandemia do coronavírus reforçou a importância da inovação e da definição de políticas de longo prazo para o país. As soluções inovadoras são decisivas para o Brasil e o mundo enfrentarem os efeitos da covid-19 sobre a saúde da população, minimizarem os prejuízos sociais e econômicos e, em uma segunda etapa, acelerarem a retomada da atividade e do crescimento da economia”, destacou Wongtschowski na abertura do Diálogos da MEI, que foi realizado pela primeira vez de forma virtual, em razão da pandemia.
Para a diretora de Inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Gianna Sagazio, a inovação vai ser o motor condutor para o enfrentamento ao coronavírus. A MEI, principal fórum de diálogo entre empresários e o governo, tem ampliado esforços neste período de crise. O grupo é coordenado pela CNI e conta com mais de 300 das principais lideranças empresariais do país. “Se a gente compara o que está acontecendo com o Brasil – estou falando antes da covid-19 – com o resto do mundo, notamos uma distância muito grande. O Brasil tem investido muito pouco e está mal posicionado em rankings como o Índice Global de Inovação. No atual contexto, a realidade está nos mostrando o tanto que esse investimento é importante”, enfatizou Gianna.
Pesquisa revela queda nas atividades de inovação
Divulgada nesta quinta pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Pintec mostrou queda no percentual de empresas que fazem algum tipo de inovação em produtos ou processos – caiu de 36%, em 2014, para 33,6%, em 2017. Os dados mostram também que o índice de empresas beneficiadas com algum incentivo do governo recuou de 39,9% para 26,2% no triênio.
O presidente do Conselho de Administração da Totvs e também líder da MEI, Laércio Cosentino, que coordena um grupo de trabalho da MEI sobre indicadores de inovação, alertou que o Brasil precisará investir cada vez mais em dados para conseguir trazer bons exemplos comparativos e aprimorar suas ações de CT&I. Ele defendeu que o país invista mais em profissionais da área de dados e em áreas como inteligência artificial e big data. “Para mudar a realidade do Brasil, precisamos de uma base de dados para comparar. Já temos o plano de comparar as empresas da MEI com as demais do Brasil, Estados Unidos, União Européia e China. E nesse trabalho seguiremos três pilares: base de comparação, formulação de política e melhores práticas”, detalhou.
Presente à reunião virtual, a presidente do IBGE, Susana Guerra, alertou para a importância da pesquisa por trazer uma radiografia completa da inovação no país. Ela pediu colaboração do setor privado para a próxima Pintec, que, segundo ela, será diferenciada em razão do dinamismo da inovação e da redução dos recursos do instituto. “O IBGE precisa de apoio para conduzir a transformação no modo como faz a pesquisa para acompanhar esse setor que tem um dinamismo tremendo. O caminho para o IBGE no futuro vai ser por meio de parcerias”, disse.
A pesquisa divulgada nesta quinta aponta que a indústria foi o segmento que mais sentiu o período de recessão econômica. Dos R$ 67,3 bilhões de investimentos em atividades inovativas, R$ 25,6 bilhões foram para atividades internas de P&D; R$ 7 bilhões em atividades externas de P&D; e R$ 21,2 bilhões na aquição de máquinas e equipamentos. “Entre os principais obstáculos à inovação estão os riscos econômicos excessivos, a elevação dos custos da inovação, a falta de pessoal qualificado e a escassez de fontes de financiamento”, destacou o gerente da Pintec, Flávio Peixoto..
Ações do Legislativo e Executivo em prol da inovação
O presidente da Frente Parlamentar Mista de Ciência, Tecnologia, Pesquisa e Inovação, senador Izalci Lucas, se colocou à disposição dos empresários para apoiar no Congresso Nacional proposições de lei que incentivem e desburocratizem a inovação. “É muito importante vocês subsidiarem os parlamentares porque, infelizmente, são poucos os que têm interesse em aprofundar o debate sobre a inovação. Peço que vocês acompanhem o que está sendo votado neste período no Senado e contribuam com propostas”, solicitou o senador.
O secretário-executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Julio Semeghini, observou, por sua vez, que o Poder Executivo vem identificando projetos capazes de recuperar a economia por meio de CT&I. Um exemplo, segundo ele, é a Lei de Informática. “É um excelente momento para aprovarmos leis com visão de longo prazo”, frisou.
Ele considera que a crise do coronavírus propiciará um mundo pós-pandemia com ampla capacidade de transformação digital. “A gente percebe muitas ações. Mas o melhor é notar que a capacidade das nossas instituições e do nosso ecossistema de inovação é muito forte. Contamos com muita gente boa, conectada com quase toda a parte do globo. A gente tem mais é que dar o valor que essa comunidade científica merece e aplicarmos de maneira integreda os recursos necessários públicos e privados para consolidar essa agenda”, acrescentou Semeghini.