• Senadores reagem à atuação de Bolsonaro em ato que pediu intervenção militar

    Publicado em 20.04.2020 às 13:18

    A presença do presidente Jair Bolsonaro em um ato que defendia a intervenção militar provocou a reação imediata dos senadores. Na manifestação ocorrida no domingo (20), em Brasília, em frente ao Quartel-General do Exército, um grupo de pessoas também pediu o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF). Em seguida, parlamentares foram a suas redes sociais para lamentar o episódio. 

    Para o senador Roberto Rocha (PSDB-MA), é natural que o ex-militar Jair Bolsonaro fosse ao Quartel-General na data em que é comemorado o Dia do Exército. No entanto, não é natural que grupos minoritários sejam protagonistas na defesa de uma agenda antidemocrática, avaliou o senador. O parlamentar disse ainda que o maior patrimônio do povo é a liberdade, que tem como fiadora a democracia. 

    “Entendo que o presidente, pressionado, busque o apoio dos grupos fiéis ao seu governo. Mas deve buscar, acima de tudo, a união entre todos os brasileiros, e não alimentar a imagem de que flerta com a agenda de atrasos institucionais, como prega uma minoria”, acrescentou. 

    O senador Plínio Valério (PSDB-AM), por sua vez, disse que é triste ver manifestações a favor do regime militar. Segundo ele, trata-se de uma minoria que não representa nem de longe o que na verdade pensam os brasileiros. 

    “E mais: se consulta houvesse, a grande maioria dos militares diria que não quer isso. Há uma consciência saudável nas casernas sobre qual é a verdadeira missão das Forças Armadas, que, diga-se de passagem, elas cumprem com muita honra e dignidade”, disse. 

    Defesa 

    O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, viu de outra forma. Ele lembrou que a manifestação de domingo, em Brasília, foi contra o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia: 

    “Impressionante a canalhada querendo desqualificar manifestações a favor de Bolsonaro e contra arroubos de Rodrigo Maia como se fossem atos pelo AI-5 ou contra o Congresso Nacional. Democracia pulsando forte; o povo mandou seu recado hoje”, publicou no Twitter. 

    A mensagem de Flávio foi republicada horas depois pelo senador Arolde de Oliveira (PSD-RJ), também representante do Rio de Janeiro. 

    Veja o que disseram os senadores pelas redes sociais 
    Rodrigo Pacheco (DEM-MG): “É possível defender as ideias do governo e discordar da postura de Bolsonaro. Também é possível defender Bolsonaro e rechaçar a ditadura. Só não é possível separar defesa da ditadura da estupidez ideológica. Que isso fique claro em tempos de confusão de ideias. Viva a Democracia.”
    Soraya Thronicke (PSL-MS): “Ao contrário do que afirmam, o art. 142 da Constituição não permite que as Forças Armadas façam uma intervenção que resulte no fechamento do Congresso e do STF. A CF não dá respaldo a qualquer ação desse tipo, e a tomada de poder pelos militares, mesmo que temporária, seria equivalente a um golpe de Estado.”
    Paulo Rocha (PT-PA): “Assistimos hoje a algumas das cenas mais absurdas da história deste país. Um presidente da República em uma manifestação pró-golpe militar, incentivando aglomerações quando o país tenta controlar uma tragédia sem precedentes na saúde pública. O verme se tornou pior do que o vírus.”
    Eliziane Gama (Cidadania-MA): “Atacar instituições, o Congresso, a Justiça e defender ditadura, num momento tão grave, é um ato covarde para tentar golpear nossa democracia. Estamos juntos com os 20 governadores, que em carta defendem o país e a manutenção das instituições democráticas.”
    Kátia Abreu (PP-TO): “Viva a democracia. Tanto o comunismo como as ditaduras são comprovadamente péssimas escolhas. O governador do Tocantins assinou o manifesto em favor da democracia com outros 19 colegas. Fiquei aliviada quando vi seu nome na lista. Eu apoio o manifesto!”
    Paulo Paim (PT-RS): “O país necessita de comando, unidade e bons exemplos para combater a pandemia, assim como o mundo está fazendo. É inaceitável que o Presidente compareça a um ato público que ataca a democracia e as instituições. Basta de incitação ao ódio. É preciso governar e salvar vidas.”
    Otto Alencar (PSD-BA): “Apelar de forma velada para um golpe militar é claro sintoma de fraqueza. Consumado o golpe, não seria ele que estaria à frente do país diante do fracasso administrativo. Defenderei a democracia e a Constituição. Se querem sangue outra vez, tenho o meu a ofertar.”
    Alessandro Vieira (Cidadania-SE): “Não se governa da caçamba de uma pick-up. E não se lidera mentindo para as pessoas. O Jair Bolsonaro que chama para conversar o Centrão é o mesmo que grita ‘fora velha política’? Ou assina o PLN 4 [sobre emendas ao Orçamento da União], mas diz que não negocia nada? Chega, vamos apontar cada mentira incoerente.”
    Leila Barros (PSB-DF): “Momento exige equilíbrio, moderação e bom senso das nossas lideranças. Em vez de participar de atos públicos, desrespeitando orientações para evitar aglomerações, o presidente Jair Bolsonaro poderia dedicar parte do seu tempo na reedição da MP 905 [que institui o Contrato de Trabalho Verde e Amarelo]
    Telmário Mota (Pros-RR): “Tenho votado com o presidente Jair Bolsonaro em todas as suas proposições, sempre pensando em um país melhor. Mas meu lado é ao lado do povo. Toda mudança deve acontecer de acordo com a vontade popular. Vontade expressada nas urnas. O Brasil não pode se afastar da democracia.”
    Rogério Carvalho (PT-SE): “Bolsonaro orquestra uma manifestação criminosa que diante de uma pandemia atenta contra a vida dos brasileiros. O ato é em defesa do AI-5 e Bolsonaro diz “farei tudo o que for necessário”. O mesmo AI-5 do filho e do General Heleno. Agora, estamos todos unidos pela democracia e pelo Brasil.”
    Humberto Costa (PT-PE): “Bolsonaro passou de todos os limites. Desrespeita as vítimas de Covid-19, ataca a democracia e comete crime de responsabilidade. Nenhuma imagem é mais emblemática: fala para uma minoria, fraco, sem voz, escorado por seguranças. É o retrato de seu governo, que de fato já acabou.”
    Randolfe Rodrigues (Rede-AP): “Bolsonaro já incorreu em crime de responsabilidade inúmeras vezes. Atentou contra a Constituição, contra os poderes constitucionais, contra a democracia. Promoveu o ódio, exaltou o AI-5, um dos piores episódios da nossa história!”        
    Jean Paul Prates (PT-RN): “Como dizem os ingleses, enough is enough. Hora de providências. Salvar a democracia antes que seja tarde. Chega de levar na boa e tentar compor. A situação é muito grave. Pandemia e conspiração não combinam.”
    Weverton (PDT-MA): “Hoje Bolsonaro saiu em carreata, provocando aglomeração. Se mantém em palanque e incita um movimento que pode ter como consequência a morte de inúmeros brasileiros. Já faz tempo que cruzou a linha da irresponsabilidade e se tornou crime contra a saúde pública.”
    Fabiano Contarato (Rede-ES): “A Liberdade faz, agonizante, sua última convocação a todos os democratas: é momento de superar as divergências em nome do enfrentamento à escalada autoritária do presidente e aos riscos do coronavírus, os dois maiores inimigos do Povo!”
    Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ): “Impressionante a canalhada querendo desqualificar manifestações a favor de Bolsonaro e contra arroubos de Rodrigo Maia como se fossem atos pelo AI-5 ou contra o Congresso Nacional. Democracia pulsando forte; o povo mandou seu recado hoje.”
    Plínio Valério (PSDB-AM): “É triste ver manifestações a favor do regime militar. Pior ainda é achar que esse tipo de coisa representa a vontade da maioria. Somos quase 220 milhões de brasileiros. Alguém sabe informar quantos foram às ruas pedir intervenção dos militares? Essa minoria não representa nem de longe o que, na verdade, pensam os brasileiros. Quem viveu ou sabe como foi o regime militar, abomina tal ideia.”
    Roberto Rocha (PSDB-MA): “Nada mais natural, no Dia do Exército Brasileiro, que o capitão Jair Bolsonaro vá até o QG do Exército neste dia. O que não é natural é que grupos minoritários, que defendem uma agenda antidemocrática, queiram ser os protagonistas desse momento.”

    Fonte: Agência Senado