“O pior ainda está para vir”. OMS avisa que poucas pessoas desenvolveram anticorpos contra Covid-19
Apenas uma pequena parte da população global, cerca de dois a três por cento, parece ter sido infetada pelo novo coronavírus, pelo que a esperança do desenvolvimento de uma imunidade em massa passa a ser muito reduzida, alertou na segunda-feira a Organização Mundial da Saúde. A entidade avisou também que “o pior ainda está para vir”, visto que este é um vírus que “muitas pessoas ainda não compreendem”.“Os dados sugerem que uma relativamente pequena percentagem da população do mundo possa ter sido infetada”, avisou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em conferência de imprensa. “Não mais do que dois a três por cento”.
A conclusão foi obtida após a realização de testes serológicos para descobrir que percentagem de pessoas foi contagiada e desenvolveu anticorpos contra a Covid-19.
Na mesma conferência de imprensa esteve Maria Van Kerkhove, especialista em doenças infeciosas e membro da Organização Mundial da Saúde, que alertou que até agora os peritos acreditavam que o número de infetados a nível global fosse superior. Sublinhou, porém, que ainda é cedo para se poderem tirar conclusões definitivas, até porque alguns estudos são contraditórios.
Ainda na sexta-feira, um estudo realizado no Estado norte-americano da Califórnia revelou que, apesar de a região apenas possuir cerca de mil casos confirmados de Covid-19, os testes a anticorpos sugeriram que já tinham sido infetadas entre 48 mil a 81 mil pessoas, mas que estas não desenvolveram sintomas.
Kerkhove avisou ainda que, mesmo quando os testes mostram que alguém possui anticorpos, não fica provado que essa pessoa seja imune à Covid-19. “Neste momento não possuímos qualquer prova de que o uso de um teste serológico prove que um indivíduo tenha imunidade ou esteja protegido de uma reinfeção”, argumentou.
“Alívio de restrições não significa o fim da epidemia”
Na conferência de imprensa de segunda-feira, o diretor-geral da OMS alertou que o levantamento de restrições em cada país deve ser feito de forma gradual e que este alívio “não significa o fim da epidemia em qualquer país”.
“Acabar com a epidemia exige um esforço contínuo por parte dos indivíduos, comunidades e governos”, explicou, acrescentando que “o pior ainda está para vir”, uma vez que este “é um vírus que muitas pessoas ainda não compreendem”.
Tedros Adhanom Ghebreyesus avisou ainda que a população mundial se deve preparar para uma nova forma de vida de modo a permitir que as sociedades funcionem enquanto o novo coronavírus continua a ser combatido.
“Pelo menos até que seja encontrada uma vacina ou um tratamento muito eficaz, este processo terá de tornar-se a nossa nova normalidade”, defendeu.
O novo coronavírus já infetou quase dois milhões e meio de pessoas em todo o mundo, das quais 629 mil conseguiram recuperar. O números de mortes a nível global aproxima-se de 170 mil.
RTP, emissora pública de Portugal