• ONU alarmada com restrições à comunicação social durante pandemia

    Publicado em 24.04.2020 às 09:44

    A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, disse hoje estar alarmada pelo aumento das restrições de vários governos à comunicação social independente e pelas “detenções e intimidações de jornalistas” durante a atual pandemia.

    “Alguns Estados usaram o surto do novo coronavírus como pretexto para restringir a informação e reprimir as críticas”, acusou Bachelet, em comunicado, acrescentando que a liberdade de informação na atual crise de saúde é vital para a luta contra a covid-19.

    “A comunicação social livre é sempre essencial, mas nunca dependemos tanto dela como durante esta pandemia, quando tantas pessoas estão isoladas e temem pela saúde”, defendeu a também ex-Presidente chilena.

    Bachelet sublinhou que, durante a pandemia, alguns líderes políticos fizeram declarações contra jornalistas que criaram um ambiente hostil para com esses profissionais, dificultando o seu trabalho.

    No comunicado, a alta comissária cita um relatório do Instituto Internacional de Imprensa que contabilizou mais de 130 ataques a meios de comunicação social desde o início da pandemia, incluindo 50 casos de censura e restrições ao acesso à informação.

    Além disso, de acordo com o relatório, pelo menos 40 jornalistas foram presos ou acusados nos cinco continentes por publicar artigos que criticavam a gestão governamental da pandemia, ou simplesmente por questionar a veracidade dos números oficiais de pessoas afetadas pela covid-19.

    O documento refere também casos ainda mais graves, como o de jornalistas que desapareceram e vários meios de comunicação que foram fechados pelas autoridades.

    “Não estamos em momento de culpar o mensageiro e, em vez de ameaçar jornalistas, os Estados devem promover um debate saudável sobre a pandemia e as suas consequências”, concluiu Bachelet.

    Desde que foi detetada na China, em dezembro passado, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 190 mil mortos e infetou mais de 2,6 milhões de pessoas em 193 países e territórios, segundo um balanço da AFP. 

    Mais de 708 mil doentes foram considerados curados.

    Em Portugal, morreram 820 pessoas das 22.353 confirmadas como infetadas, e há 1.143 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

    Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.

    Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, alguns países começaram, entretanto, a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos, como Dinamarca, Áustria, Espanha ou Alemanha, a aliviar algumas das medidas.