“Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade”, diz ex-procurador da Lava Jato
O ex-procurador da República, Carlos Fernando dos Santos Lima, em entrevista à Jovem Pan, lamentou a saída de Sergio Moro do Ministério de Segurança e Justiça e analisou a condução do presidente Jair Bolsonaro na demissão de Maurício Valeixo do comando da Polícia Federal.
“Os motivos de Bolsonaro [para a troca na PF] ainda estão obscuros, na verdade ele deve ter sido bastante pressionado por alguma investigação do Supremo. Neste momento de pandemia, trocar o comando da PF é muito estranho e temerário em todos os sentidos”, disse o ex-Procurador da Operação Lava Jato
Carlos Fernando Lima disse que alguns dos fatos narrados por Moro, que serão apurados por inquérito, “podem configurar crimes comuns”. “Mas a grande questão é a atitude do presidente de colocar uma pessoa que lhe desse acesso a informações sigilosas. Na minha opinião configura crime de responsabilidade, uma hipótese clara, mas que não creio que vá tramitar.”
Santos Lima defendeu Moro: “Nós todos que trabalhamos com Moro conhecemos seu caráter e retidão, desde o começo sempre mantivemos uma posição de apoio a suas decisões. Sair do governo era uma decisão necessária, a sua história não ia permitir que uma intervenção daquela forma, com motivo explícito de acessar informações sigilosas, torna a situação irreversível. A única coisa que poderia ter feito era pedir demissão.”
Segundo o site O Antagonista, Ex-integrante da força-tarefa da Lava Jato, Carlos Fernando dos Santos Lima disse que a possível tentativa do presidente Jair Bolsonaro de interferir na PF constituiria crime de responsabilidade “muito mais grave que as pedaladas de Dilma Rousseff”.
“Agora sobra a Bolsonaro equilibrar-se no toma-lá-dá-cá do Centrão, na benevolência de seu arqui-inimigo (em política isso não existe) Rodrigo Maia, e na credibilidade econômica de Paulo Guedes. Equilibra-se agora para não governar, mas para não sofrer impeachment.” (Fonte site República de Curitiba)