ONG estima que pode haver 3,2 milhões de mortes em 34 países em crise

Publicado em 28.04.2020 às 12:46

Uma análise do Comité Internacional de Salvamento revela que, sem uma ação rápida, a covid-19 poderá infetar 1.000 milhões de pessoas e causar 3,2 milhões de mortes em 34 países em crise, como o Afeganistão, a Síria e o Iémen.

Em comunicado, esta organização refere que, baseado em cenários de potenciais respostas, a pandemia poderá provocar entre 500 e 1.000 milhões de infeções, o que conduziria a 1,7 e 3,2 milhões de mortes, em 34 países frágeis e afetados por conflitos.

Para o Comité Internacional de Salvamento (IRC, sigla em inglês para International Rescue Committee), continua a haver uma pequena margem de tempo para preparar uma resposta robusta à covid-19 enquanto esta ainda se encontra numa fase inicial em países frágeis.

Para o presidente do IRC, David Miliband, “estes números devem servir de alerta. O peso total, devastador e desproporcionado desta pandemia ainda não se fez sentir nos países mais frágeis e devastados pela guerra”.

E prosseguiu: “Ainda estamos na crítica janela de tempo para dar uma resposta preventiva robusta às fases iniciais da Covid-19 em muitos destes países e evitar uma nova perpetuação desta epidemia a nível mundial”.

As estimativas preliminares compiladas pelo IRC baseiam-se na modelização epidemiológica e nos dados produzidos pelo Imperial College London e pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Este modelo leva em conta a estrutura etária, a dimensão dos agregados familiares e os padrões de contacto social dos diferentes países, bem como os padrões de mortalidade decorrentes do surto precoce na China.

Os cálculos do IRC para os 34 países em que trabalha salientam a extensão do peso que o surto da covid-19 representa para os países frágeis e a importância de ações imediatas nas próximas semanas para influenciar a trajetória da epidemia.

Os cientistas ainda estão a estudar os fatores que levam à pandemia em contextos de baixos rendimentos, incluindo os riscos para a saúde da população, que podem fazer subir as taxas de infeção, ou a estrutura etária da população mais jovem, que pode fazer baixar as taxas de mortalidade.

Estes números são, no entanto, suficientes para desencadear um alarme significativo sobre a trajetória internacional da Covid-19.

A organização sublinha que existem três limitações significativas dos dados atuais, as quais sugerem que as estimativas para os países frágeis podem ser, na melhor das hipóteses, conservadoras.
O IRC também aponta a vulnerabilidade humanitária preexistente, como a comorbilidade devido a problemas de saúde pré-existentes, como a subnutrição, ou pela instabilidade económica e política que constitui uma “dupla emergência” para contextos frágeis. (RTP, emissora pública de Portugal)