Mais de 20% da população mundial tem doença crónica que pode agravar Covid-19
Um estudo recente demonstra que cerca de 1,7 mil milhões de pessoas em todo o mundo apresentam, no mínimo, uma doença crónica que as pode tornar mais vulneráveis à infeção por Covid-19. O número de europeus com duas ou mais patologias na Europa representa o triplo dos africanos. Uma das poucas certezas acerca deste novo coronavírus é que existe um grupo de pessoas mais vulnerável. Para além do fator idade, pessoas com condições subjacentes ou doenças crónicas – como, por exemplo, asma e doenças respiratórias, diabetes, hipertensão, distúrbios cardíacos ou distúrbios hepáticos – parecem ser mais vulneráveis e correm um risco maior de desenvolver sintomas mais graves.
Sabe-se agora que este grupo de pessoas representa 22 por cento da população mundial, ou seja, cerca de 1,7 mil milhões de pessoas em todo o mundo apresenta, pelo menos, uma doença que a pode tornar mais vulnerável à Covid-19. Deste total, cerca de 400 milhões – seis por cento da população total – terá duas ou mais patologias subjacentes. Este número de pessoas com duas ou mais doenças crónicas é três vezes superior na Europa (cerca de 10 por cento) do que em África (apenas três por cento) e o dobro dos latino-americanos.
As conclusões são de um estudo recentemente publicado conduzido por um grupo de investigadores da Universidade de Londres que considera essencial identificar a população que compreende um grupo de risco e protegê-la.
“Tentamos quantificar quantas pessoas poderiam ser consideradas de maior risco de acordo com as diretrizes atuais sobre condições prévias”, diz o principal autor do estudo, Andy Clark.
Para chegar a estes números revelados no estudo, os investigadores analisaram os dados do estudo Global Burden of Disease. Este relatório, realizado a cada dois anos, recolhe estatísticas e estimativas das causas de mortalidade e morbidade de 190 países.
23% em idade ativa apresenta uma doença crónica
Olhando para os números globais da população mais vulneráveis, os números acrescem ainda mais, dado que não incluem aqueles com mais de 65 anos sem patologias, mas que, devido ao simples fator de idade, estão incluídos no grupo de risco. Neste âmbito, a parcela da população em risco varia de 16 por cento em África e 31 por cento na Europa. O estudo indica que apenas cinco por cento da população com mais de 65 anos de idade não tem uma doença crónica.
No entanto, o estudo conclui ainda que 23 por cento – um quarto da população em idade ativa (entre os 15 e os 64 anos) – apresenta, no mínimo, uma condição crónica que agrava a infeção pelo SARA-CoV-2. “Esta proporção foi particularmente elevada em alguns países europeus e países insulares com altas taxas de diabetes”, lê-se no estudo. “Doença renal crónica e diabetes foram as condições mais comuns nesta faixa etária”, acrescenta.
Andy Clark ressalva que esta população inserida no grupo de risco não irá, necessariamente, desenvolver sintomas graves da Covid-19 em caso de infeção. Sublinha que têm uma maior probabilidade de contrair uma doença grave e que, por isso, “seria sensato protegê-los da infeção”.
O estudo sublinha que a quantificação das pessoas em risco torna possível concentrar as medidas de isolamento social neste grupo e conceder-lhes prioridade assim que estiver disponível uma vacina.
“Se uma vacina segura e eficaz for produzida, as nossas estimativas fornecerão uma indicação dos volumes que seriam necessários para a vacinação de indivíduos em risco a nível global”, lê-se no estudo. “Na ausência de uma vacina, uma medida fundamental para mitigar a pandemia é proteger os indivíduos em risco com medidas de distanciamento social mais intensivas do que as da população em geral”, conclui.
A pandemia da Covid-19 já infetou mais de três milhões de pessoas em todo o mundo e o número de óbitos ultrapassou os 200 mil. Há ainda a registar mais de cinco milhões de recuperados.
RTP, emissora pública de Portugal