Alemanha admite que número de mortes seja superior ao notificado
O diretor do Instituto Robert Koch, entidade responsável pela prevenção e controlo de doenças na Alemanha, admitiu hoje que o verdadeiro número de mortes associadas à covid-19 no país seja mais elevado que o que tem sido notificado.
Lothar Wieler disse à imprensa que a mortalidade em dois dos 16 estados federados – Berlim e Hesse – é mais alta que a média habitual nesta altura do ano.
Noutros países, esta chamada mortalidade em excesso tem sido superior à mortalidade por covid-19, o que sugere que algumas mortes provocadas pela pandemia não estão a ser reportadas como tal, embora não seja claro se elas resultam da infeção pelo novo coronavírus ou outras razões, como a sobrecarga dos sistemas de saúde.
Lothar Wieler disse que o Instituto “está a trabalhar partindo do princípio de que morreram mais pessoas [de covid-19] do que o que tem sido oficialmente notificado”.
O responsável acrescentou que uma ampla série de complicações agora associadas à doença podem explicar algumas mortes.
Na mesma conferência de imprensa, e numa altura em que a Alemanha começou a levantar algumas das restrições impostas para conter a propagação do vírus, Lothar Wieler advertiu contra qualquer aposta na “imunidade de grupo”, que considerou uma “ideia ingénua”.
Wieler frisou que a doença pode provocar quadros clínicos graves e sequelas, pelo que ninguém se deve expor ao vírus, sob pena de poder haver centenas de milhares de mortos.
A imunidade coletiva, que se atinge quando 60% a 70% da população teve contacto com o vírus, não pode ser um objetivo, sublinhou, porque, como já se viu noutros países, “não funciona”.
Por outro lado, disse, a comunidade científica ainda não sabe quão consistente é a imunidade desenvolvida pelas pessoas que superaram a infeção. (RTP, emissora pública de Portugal)