• Relatório dos EUA diz que China escondeu intencionalmente a gravidade do coronavírus

    Publicado em 4.05.2020 às 08:50

    O relatório de Segurança Interna argumenta que o Governo chinês escondeu intencionalmente a gravidade do novo coronavírus, ao mesmo tempo que reunia importações e reduzia exportações de material médico.“A China provavelmente cortou suas exportações de suprimentos médicos antes da notificação da OMS (Organização Mundial da Saúde) de janeiro de que o COVID-19 é contagioso”, refere o documento, de acordo com uma fonte da CNN que teve acesso ao relatório.
    No domingo, o chefe da diplomacia dos EUA, Mike Pompeo, confirmava esta versão de que a China escondeu a extensão de progressão do coronavírus, enquanto acumulava abastecimentos médicos. “Tem os factos corretos”, disse Pompeo ao programa da ABC, This Week.
    “Podemos confirmar que o Partido Comunista chinês fez tudo o que pode para garantir que o mundo não sabia a tempo o que estava a acontecer”, acrescenta.
    O relatório não conclui se as ações do Governo chinês foram nefastas. De acordo com a fonte, o documento diz que “nas suas comunicações a China intencionalmente escondeu a sua atividade comercial, negando publicamente que alguma vez tenha imposto uma barreira à exportação de máscaras ou outro material médico”. 

    Mike Pompeo garantia ainda no fim de semana que tinham um “número significativo de indícios” de que o novo coronavírus era proveniente de uma laboratório em Wuhan, cidade onde começou a pandemia.
    “Efeitos na segurança a longo prazo”

    Ao mesmo tempo, o responsável de Defesa da administração norte-americana Mark Esper veio dizer que a Russia e a China estão a tirar vantagem na Europa da emergência médica, fazendo avançar os seus interesses no velho continente, nomeadamente no equipamento da Huawei de 5G.

    “Os EUA sabem que alguns países estão tentar usar a pandemia como uma forma de investir em indústrias e infraestruturas críticas, com efeitos na segurança a longo prazo”, disse Esper ao jornal La Stampa, quando questionado se a China e a Rússia estavam a tentar ganhar influência em Itália ao enviar ajuda médica, entre equipamento de proteção e médicos. 

    A Administração Trump desdobra-se em acusações contra a China, à medida que ao mesmo tempo está a formular um plano a longo prazo para punir a China em múltiplas frentes por responsabilidade na crise pandémica, introduzindo mais um fator numa relação comercial já atribulada. 

    Várias fontes no Executivo norte-americano realçam várias opções, desde sanções, novas políticas comerciais para deixar claro onde consideram estar a responsabilidade desta pandemia. 

    Mike Pompeo garantia também no fim de semana que tinham um “número significativo de provas” de que o novo coronavírus era proveniente de um laboratório em Wuhan, cidade onde começou a pandemia.

    Pompeo reiterou que algumas das ações da China não foram visíveis, mas outras foram públicas, como não deixar profissionais médicos dos EUA acederem aos laboratórios de Wuhan e silenciando cientistas. “Vamos responsabilizá-los”, garantiu.
    “Ainda temos muito para saber”

    O gabinete do diretor dos serviços de informações garantiu na semana passada que a comunidade científica considerava haver consenso de que o novo coronavírus não tinha sido geneticamente modificado. Questionado sobre isso no domingo, Pompeo considerou que “não havia razão para não acreditar nessa informação. 

    Sobre se a China libertou intencionalmente o vírus ou se foi um acidente, Pompeo não quis dar uma opinião. 

    “Ainda temos muito para saber, mas posso dizer isto. Temos feito tudo para responder a várias questões. Tentámos mandar lá uma equipa, a Organização Mundial de Saúde tentou enviar uma equipa, e falharam. Ninguém foi autorizado a ir àquele ou a qualquer outro laboratório. Este é um desafio contínuo. Precisamos ir lá. Ainda não temos as amostras de vírus que precisamos”, reforçou o chefe da diplomacia. 

    Os EUA não são o único país a querer respostas mais profundas sobre o que se passou nos primeiros dias da pandemia e qual o papel do governo chinês na gestão da informação. 

    A China lançou entretanto um esforço de propaganda para afastar as suspeitas que recaem sobre o país. Na terça-feira, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros acusou os políticos americanos de dizerem mentiras descaradas sobre a pandemia para esconder a própria responsabilidade nas medidas de controlo e para distrair a atenção pública. 

    Na quarta-feira, a agência de notícias estatal na China, a Xinhua, publicou um vídeo a ironizar a resposta norte americana à pandemia.

    RTP, emissora pública de Portugal