• China admite “lacunas” no sistema de saúde e na prevenção de epidemias

    Publicado em 9.05.2020 às 11:18

    A China admitiu hoje que o novo coronavírus, detectado pela primeira vez naquele país em dezembro passado, revelou “lacunas” no sistema de saúde chinês e nos respetivos mecanismos de prevenção de doenças infecciosas.

    “A luta contra a epidemia da covid-19 foi um grande teste para o sistema e para as capacidades de governação do país”, afirmou o vice-ministro chinês da Saúde, Li Bin, numa conferência de imprensa em Pequim.

    O governante admitiu que o surto “também revelou que a China ainda possui lacunas nos seus sistemas e mecanismos de prevenção e controlo de grandes epidemias e no seu sistema público de saúde”.

    As declarações do vice-ministro chinês da Saúde surgem num momento em que os Estados Unidos têm intensificado as acusações e as críticas a Pequim, com a administração norte-americana a afirmar que as autoridades chinesas ocultaram informações sobre o vírus e geriram mal a crise.

    “Poderia ter sido travada na China”, declarou, na semana passada, o Presidente norte-americano, Donald Trump, a propósito da pandemia da doença covid-19.

    Pequim tem afirmado que partilhou de forma rápida com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e com outros países todos os dados que disponha sobre o novo coronavírus.

    Na sexta-feira, a China anunciou que apoia a criação de uma comissão, sob a égide da OMS, para avaliar de maneira “aberta, transparente e inclusiva” a “resposta global” à covid-19, mas só “após o fim da epidemia”.

    Na mesma conferência de imprensa em Pequim, o vice-ministro da Saúde referiu algumas possíveis medidas que poderão vir a melhorar o sistema de saúde chinês, incluindo a criação de um “comando centralizado, unificado e eficiente”.

    O representante também mencionou uma melhor utilização da tecnologia de inteligência artificial e de dados em larga escala (`big data`) para antecipar as epidemias.

    Li Bin falou igualmente de um melhoramento das leis para a área da saúde e “num fortalecimento da cooperação internacional”.

    A China foi o primeiro país atingido pela pandemia da covid-19 em dezembro de 2019, quando o novo coronavírus foi detetado na cidade de Wuhan (região centro).

    Vários médicos de Wuhan que deram o primeiro alerta sobre o aparecimento de um novo vírus chegaram a ser interrogados pela polícia e acusados de espalhar “rumores”.

    Mais de 80 mil pessoas foram, até à data, infetadas pelo novo coronavírus na China, incluindo 4.633 vítimas mortais, segundo o último balanço oficial, que dá conta que o país só detetou um caso de infeção nas últimas 24 horas.