• ‘Óculos’ de leitura para deficientes visuais vão para biblioteca e 4 escolas de Aparecida

    Publicado em 4.02.2020 às 13:57

    Numa ação inédita entre os municípios de Goiás, a Prefeitura de Aparecida entregou nesta terça-feira, 4, cinco modernos aparelhos de leitura para serem usados por pessoas cegas ou com baixa visão na Biblioteca Pública do Centro e em quatro escolas da rede municipal de ensino. O aparato, que pode ser usado já a partir de hoje, ‘lê’ as informações impressas em qualquer superfície e ‘fala’ para o usuário o que está escrito.

    O professor José Roberto Francisco de Souza, que é cego e ensina leitura em braile para alunos da rede pública, testou o equipamento hoje na Cidade Administrativa, na cerimônia de entrega dos aparelhos. Ele aprovou a funcionalidade do aparato. Chamado de Orcam MyEye, o artefato conta com tecnologia israelense de inteligência artificial.

    José Roberto mostrou como o aparelho escaneia e dita todas as informações discretamente no ouvido do usuário. O professor usou alguns recursos como o informe de horas, que é acionado pelo simples gesto de girar o pulso, como se fosse para ver as horas. O detalhe é que a pessoa não precisa estar vestindo de fato um relógio.

    A avaliação do equipamento foi dada diretamente ao prefeito Gustavo Mendanha, que entregou o equipamento à comunidade. “Para nós [deficientes visuais], esse aparelho será de grande valia. Essa tecnologia chegou para facilitar o acesso do deficiente à informação. Agora podemos ler livros literários e didáticos”, disse o professor José Roberto. Ele parabenizou a Prefeitura de Aparecida pela iniciativa. 

    O prefeito Gustavo Mendanha ressaltou que Aparecida foi a 1ª cidade do Estado a adquirir esses equipamentos de leitura. Ele adiantou que a rede de ensino municipal será contemplada com mais ferramentas que melhoram o acesso à educação. “Esse será o ano da educação. Nós estamos fazendo um governo inclusivo, dando oportunidade a aqueles que não têm a visão de ter acesso à leitura e, consequentemente, um maior aprendizado, ampliando sua visão de mundo”, disse Gustavo.

    Ajuda nos trabalhos escolares

    Matriculado no 9º ano do ensino fundamental, o adolescente João Lucas Moura, de 14 anos, será um dos alunos que utilizarão o equipamento durante as aulas na Escola Municipal Parque Santa Cecília. “Esse aparelho vai me ajudar muito principalmente na tabuada e nas tarefas de português. Agora eu vou ler muito”, garantiu o estudante.

    Os aparelhos ficarão a serviço, inicialmente, dos alunos do 6º ao 9º do ensino fundamental nas Escolas Municipais Ari Caetano, Caraíbas, Francisco Rafael e Parque Santa Cecília. Monitores da Biblioteca Pública Municipal e professores dessas quatro unidades educacionais serão treinados hoje para orientar os usuários do equipamento.

    A secretária municipal de Educação, Valéria Pettersen, informou que 15 alunos cegos estão matriculados na rede pública de Aparecida. Para ela, “esses óculos vão facilitar e ampliar o universo da leitura das crianças. E isso é muito bom, porque tem muitos livros que eles desejam ler que nem sempre tem os títulos disponíveis em braile.”

    Professor José Roberto de Souza: acesso do deficiente visual à informação – Foto: Wigor Vieira

    Aparecida inspira outras cidades

    O equipamento Orcam MyEye foi desenvolvido em Israel e chegou ao mercado em 2017. A ferramenta, que funciona acoplada à armação de qualquer par de óculos, é capaz de ler informações em livros, revistas, jornais e placas de sinalização, por exemplo, nos idiomas português, inglês e espanhol. O aparato é usado em 32 países, de acordo com o executivo Doron Sadka, diretor da empresa que importa a ferramenta para o Brasil.

    Doron destacou que o aparelho não precisa de internet para funcionar. É tudo offline. A exemplo de Aparecida, as prefeituras de Senador Canedo, Anápolis, Bela Vista de Goiás e de outras cidades do Estado também estão adquirindo exemplares do equipamento. Em Goiás, os aparelhos de leitura são disponibilizados ao público ainda na biblioteca de Assembleia Legislativa, em Goiânia, e na Universidade Federal de Goiás.