• Novo coronavírus. Vacina testada em humanos originou desenvolvimento de anticorpos

    Publicado em 19.05.2020 às 07:45

    Os voluntários a quem foi administrada uma vacina produzida nos Estados Unidos desenvolveram anticorpos contra o novo coronavírus. A Moderna, empresa de biotecnologia responsável por esta vacina, acredita que a mesma pode estar disponível ao público em janeiro do próximo ano.Estes dados iniciais resultam da primeira fase do ensaio clínico, durante o qual a vacina foi administrada a 45 participantes para avaliar se era segura e se provocava uma resposta do sistema imunitário.

    A Moderna passou, depois, a medir os anticorpos em oito dessas pessoas, tendo concluído que todas desenvolveram anticorpos neutralizadores contra o vírus a níveis iguais ou superiores àqueles vistos em pessoas que recuperaram naturalmente da Covid-19. A Moderna foi a primeira empresa a testar uma vacina experimental – chamada mRNA-1273 – em humanos. Contendo parte do código genético do novo coronavírus, a vacina não é capaz de provocar uma infeção, mas é suficiente para provocar uma resposta do sistema imunitário.

    “Demonstrámos que estes anticorpos, esta resposta imunitária, conseguem realmente bloquear o vírus”, explicou à CNN Tal Zaks, um dos responsáveis da Moderna. “Penso que este é um primeiro passo muito importante na nossa jornada para encontrar uma vacina”.

    “Estas são notícias muitíssimo boas e pelas quais pensamos que muitas pessoas aguardavam há já algum tempo”, acrescentou.

    Paul Offit, especialista em vacinas que não está envolvido no trabalho da Moderna, defendeu à CNN que estes resultados são “ótimos”, pois mostram que “não só os anticorpos se ligaram ao vírus, como preveniram que este infetasse as células”.

    Durante os testes da Moderna, três participantes desenvolveram febre e outros sintomas gripais depois de terem recebido uma vacina de 250 microgramas. Mas outros voluntários, a quem foram administradas apenas entre 25 a 100 microgramas, não tiveram sintomas e também desenvolveram anticorpos contra o vírus.
    Testes em larga escala em julho
    Resta agora saber se a vacinação, assim como a contração natural do vírus, garantem ou não imunidade ao mesmo. “Essa é uma boa questão, e a verdade é que ainda não sabemos”, admitiu a Moderna. “Vamos ter de conduzir ensaios com muitas, muitas pessoas e monitorizá-las nos meses seguintes para verificar se ficam doentes ou não”.

    A agência federal Food and Drug Administration, responsável pela proteção da saúde pública nos Estados Unidos, já permitiu que a Moderna avançasse para a chamada Fase 2 dos ensaios clínicos, que tipicamente envolve centenas de pessoas. A empresa planeia que a Fase 3, que implica ensaios em larga escala com milhares de pessoas, seja iniciada já em julho.

    No entanto, neste caso poderá não haver tanta gente a ser vacinada durante as várias fases dos ensaios clínicos, uma vez que a urgência em obter uma vacina contra o novo coronavírus não permite demoras.

    A Moderna, que se uniu aos Institutos Nacionais de Saúde para desenvolver a vacina, é uma das oito empresas em todo o mundo que estão a realizar ensaios clínicos em humanos com vacinas que possam vir a combater o novo coronavírus, segundo dados da Organização Mundial de Saúde. Outras duas destas empresas também são dos EUA, uma é britânica e quatro são chinesas.

    Desde que foi detetado pela primeira vez, em dezembro, o novo coronavírus já infetou 4,8 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais 1,7 milhões conseguiram recuperar. Mais de 317 mil pessoas não resistiram à Covid-19.

    RTP, emissora pública de Portugal