Covid-19. Pessoas que testam positivo após recuperadas não conseguirão contagiar outras
Os pacientes que voltam a testar positivo para o novo coronavírus depois de já terem recuperado da Covid-19 podem não conseguir voltar a transmitir a infeção a outras pessoas. A conclusão é do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da Coreia (KCDC), que realizou testes em 285 casos reincidentes e em centenas dos seus contactos.Face a esta descoberta, a Coreia do Sul alterou as regras para as pessoas que testam positivo após terem obtido testes negativos anteriormente. Não lhes pede que fiquem em isolamento durante 14 dias nem que todos os seus contactos fiquem também em quarentena.
O estudo do KCDC teve início a meados de abril, depois de se ter observado que, na Coreia do Sul, cerca de cinco por cento dos casos diagnosticados voltaram a testar positivo após já terem sido dados como curados.
A entidade sul-coreana, que pertence ao Governo, analisou 285 desses casos reincidentes e 790 pessoas com quem os mesmos tinham estado em contacto. Destas últimas, nenhuma tinha sido contagiada. Os únicos casos de Covid-19 detetados entre os contactos tinham acontecido por outras vias, de acordo com o KCDC.
Os investigadores passaram depois a isolar o vírus a partir de amostras biológicas de pacientes para o cultivarem em 108 outras pessoas não contagiadas. Mesmo assim, nenhuma delas terá testado positivo para a Covid-19.
A investigação incluiu ainda uma análise serológica para encontrar anticorpos neutralizadores nos pacientes que tinham testado positivo depois de curados e, em todos os casos, esses anticorpos foram detetados.
Protocolo para casos reincidentes altera-se
“A partir de uma monitorização ativa, da investigação epidemiológica e de testes de laboratório aos casos reincidentes e aos seus contactos, não foram encontradas provas de capacidade de infeção”, explicou em comunicado o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da Coreia.
“Com base nesta descoberta, o KCDC deixou de aplicar os protocolos anteriormente utilizados para lidar com os casos confirmados depois de receberem alta e para lidar com os casos reincidentes”, acrescentou.
De acordo com a entidade, o tempo que passa desde que alguém é dado como recuperado até que volta a testar positivo para o novo coronavírus varia muito de paciente para paciente. Em média, essas pessoas testaram positivo 14 dias depois de terem recebido alta hospitalar. Muitos dos casos foram, porém, detetados entre seis a 13 dias depois da alta, enquanto outros foram verificados apenas cinco semanas depois.
O KCDC defende que os dados recolhidos são suficientes para deixar de considerar pessoas recuperadas como potencialmente infeciosas. Ainda assim, prevê continuar a acompanhar os pacientes que voltem a testar positivo, para estudar mais a fundo a questão.
Resta ainda saber por que razão alguns pacientes voltam a ter rastos do vírus e outros não, qual o motivo para o material genético do vírus deixar de ser detetado e depois reaparecer, e se este vírus é completamente eliminado do organismo ou se pode permanecer em algum tecido, ainda que indetetável.
Desde que surgiu pela primeira vez na China, em dezembro, o novo coronavírus já infetou mais de cinco milhões de pessoas em todo o mundo, das quais 327 mil são vítimas mortais. Existem, até agora, 1,8 milhões de casos recuperados.
RTP, emissora pública de Portugal