Distanciamento social. Uma semana mais cedo e 36 mil vidas podiam ter sido salvas nos EUA
Se os Estados Unidos da América tivessem implementado o isolamento social uma semana antes do que aconteceu podiam ter morrido menos 36 mil pessoas. É pelo menos esta a estimativa de um estudo epidemiológico da prestigiada Universidade de Columbia, em Nova Iorque.É parte de um cenário que podia ter sido ainda mais diferente, de acordo com este trabalho.
Os investigadores da universidade chegaram à conclusão que, se o país tivesse fechado cidades e limitado o contacto social no dia 1 de março, ou seja, duas semanas antes do momento em que as pessoas, na realidade, começaram a ficar em casa, cerca de 83 por cento das mortes teriam sido evitadas.
Ou seja, neste caso, podiam ter morrido menos 54 mil pessoas.
O que este documento demonstra é que por poucos dias de antecipação das medidas de isolamento o efeito positivo é sempre observado. Ou seja, o timing – quanto mais cedo melhor – pode previnir o crescimento exponencial e, consequentemente, diminuir o número de mortos.
“É uma grande, grande diferença”, disse ao The New York Times Jeffrey Shaman, líder do estudo epidemiológico da Universidade de Columbia. “Esse pequeno momento no tempo, naquele momento da fase de crescimento, é crucial para a redução do número de mortos”.
Este estudo alerta também que, com os Estados norte-americanos a abrir, os surtos podem de novo ficar fora de controlo a não ser que as autoridades monitorizem de forma atenta e próxima os casos de infeção para os isolarem rapidamente.
Por cada dia que se perde, o custo, mais à frente, é considerável, dizem os responsáveis por este trabalho.
A 9 de março, quando Itália e a Coreia do Sul estavam já a sofrer de forma intensa o impacto do novo coronavírus, o Presidente dos EUA, Donald Trump, escrevia no Twitter que no país “nada estava fechado” e que a “vida e a economia continuam”.
Sugeriu até, nessa altura, que a gripe era pior do que a Covid-19. Nesse dia os EUA tinham, e foi o próprio Trump que o escreveu na rede social, “546 casos confirmados, com 22 mortes. Pensem nisso”.Hoje, cerca de dois meses depois, os EUA é o país com mais casos – 1.556.749 – e mais vítimas mortais – 93.606 – de todo o mundo.
RTP, emissora pública de Portugal