Reino Unido. Multas para viajantes que não cumpram quarentena de 14 dias
Os viajantes que cheguem ao Reino Unido a partir do início de junho poderão ter de cumprir uma quarentena obrigatória de 14 dias. Caso não o façam, são esperadas multas de mil libras. A medida deverá ser anunciada oficialmente pelo Governo britânico na tarde desta sexta-feira.A medida aplica-se a estrangeiros e a britânicos que estejam de regresso ao país de origem, quer seja por via terrestre, aérea ou marítima. Quem tenha vindo da República da Irlanda, das Ilhas do Canal ou da Ilha de Man não estará, porém, abrangido pela medida.
Da obrigatoriedade de quarentena estão também excluídas as profissões essenciais, nomeadamente condutores de pesados, membros do Governo e profissionais de saúde em viagem por motivos de trabalho.
À chegada ao Reino Unido, todos os viajantes abrangidos pela nova medida terão de preencher um questionário com as suas informações de contacto e indicar a morada onde irão passar os 14 dias de quarentena. Caso esses viajantes não tenham onde permanecer durante as duas semanas, o Governo fornecerá alojamento.
As autoridades de saúde vão criar pontos estratégicos para verificar se as pessoas estão a cumprir com a medida. Para quem falhar, são esperadas multas de mil libras.
Priti Patel, secretária de Estado para os Assuntos Internos, deverá anunciar oficialmente a medida esta sexta-feira, pelas 17h00, durante o briefing do Governo no número 10 de Downing Street.
Companhias aéreas desaprovam medida
A intenção de avançar com um plano de quarentena para viajantes foi anunciada pelo secretário de Estado da Irlanda do Norte, Brandon Lewis. “A realidade é que estamos a dizer às pessoas que, se forem ou vierem do estrangeiro, têm de ter em conta a necessidade de se isolarem quando regressarem”, explicou à Sky News.
Lewis explicou que as medidas de quarentena serão revistas a cada três semanas, pelo que poderão ser adaptadas conforme a evolução da curva epidemiológica no Reino Unido. “Somos um país que acolhe pessoas de todo o mundo. Mas é apropriado dizer a quem chega ao país que tem de proteger a própria saúde e a saúde do povo britânico”, argumentou.
“E a melhor forma de o fazer é assegurar que as pessoas entram num período de quarentena para garantir que não têm sintomas e que não são capazes de espalhar o vírus”.
Questionado sobre a razão pela qual o Governo não implementou esta medida mais cedo, o responsável explicou que, “conforme a propagação do vírus no Reino Unido e o valor R (que mede a probabilidade de uma pessoa infetar outra) vão caindo, o impacto da chegada de pessoas tem um efeito que não tinha há algumas semanas”.
O diretor-executivo da Ryanair, Michael O’Leary, tinha descrito esta semana o plano de quarentena para viajantes como “idiótico” e “não implementável”. Já a Airlines UK, entidade que engloba todas as companhias aéreas britânicas, afirmou que a medida irá “matar efetivamente” as viagens internacionais de e para o Reino Unido.
O Reino Unido é um dos países mais afetados pela pandemia, registando mais de 250 mil casos confirmados de infeção desde o início do surto. Desse total, 36 mil são vítimas mortais.
RTP, emissora pública de Portugal