Covid-19. Uso indevido de lixívia e outros desinfetantes aumentou nos Estados Unidos
Desde o início da pandemia de Covid-19 que houve um notório aumento das chamadas para os centros de envenenamento. Um recente relatório revela que, para prevenir a infeção pelo novo coronavírus, muitas pessoas usaram de forma perigos produtos de limpeza e desinfetantes.A pouca informação ou a divulgação de informação nem sempre verdadeira tem levado a que algumas pessoas experimentem gargarejar desinfetante ou usem produtos de limpeza indevidos na higienização de alimentos, como métodos de prevenção em tempos de pandemia. A conclusão é do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças, nos Estados Unidos, que divulgou os resultados na sexta-feira.
Os investigadores identificaram “falhas no conhecimento sobre a preparação, o uso e o armazenamento seguro de produtos de limpeza e desinfetantes” na população em estudo. Para realizar este relatório, foram entrevistados 502 norte-americanos adultos, durante o mês de maio, sobre os procedimentos de limpeza e higienização doméstica durante a pandemia de Covid-19.
“Os dados que descrevem práticas de limpeza e desinfecção em ambientes domésticos nos Estados Unidos são limitados, particularmente no que diz respeito às práticas destinadas a impedir a transmissão do SARS-CoV-2, o vírus que causa a Covid-19“, esclarece o relatório.
Sessenta por cento dos inquiridos revelou ter aumentado a limpeza e desinfeção doméstica nas últimas semanas, devido à Covid-19.
No entanto, “aproximadamente um terço dos entrevistados teve práticas de alto risco não recomendadas com a intenção de impedir a transmissão do SARS-CoV-2, incluindo o uso de lixívia em produtos alimentares, a aplicação de produtos de limpeza e detergentes domésticos na pele e a inalação ou ingestão de produtos de limpeza e desinfetantes”, lê-se no documento.
Isto é, cerca de 39 por cento dos inquiridos revelou ter tido algum comportamento de alto risco e não recomendado para prevenir a infeção pelo novo coronavírus: 19 por cento diz ter usado lixívia na higienização de produtos alimentares, como furta e legumes; 18 por cento admite ter usado produtos de limpeza e desinfetantes doméstico nas mãos e na pele; dez por cento pulverizou o corpo com “spray” de limpeza ou desinfetante doméstico; seis por cento inalou vapores de produtos de limpeza e desinfetantes; e quatro por cento admite ter bebido ou apenas bochechado com lixívia diluída em água, com água com sabão e ainda outras soluções de limpeza domésticas.
Segundo o relatório, pelo menos 25 por cento admitiu ter “pelo menos um efeito adverso”, em “resultado do uso de produtos de limpeza ou desinfetantes, incluindoirritação no nariz ou nos seios nasais (11 por cento), irritação da pele (oito por cento), irritação ocular (oito por cento), tontura ou dor de cabeça (oito por cento), dor de estômago ou náusea (seis por cento), ou problemas respiratórios (seis por cento)“.
“Estas práticas representam um risco de graves danos para os tecidos e de lesões corrosivas, que devem ser rigorosamente evitadas“, escreveram os autores do relatório.
Por exemplo, “a mistura de soluções de limpeza com vinagre ou amoniâco”, explicaram os investigadores, pode gerar gases que causam “danos graves no tecido pulmonar”, principalmente quando combinados com água quente.
Além de ser perigoso, este tipo de método de limpeza não previne nem evita infeções como a Covid-19, alertam os cientistas.
Embora concluam que a informação sobre limpeza e higienização durante a pandemia tenha “lacunas”, o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças considera que “as mensagens públicas devem continuar a enfatizar práticas de limpeza e desinfeção seguras e baseadas em evidências para impedir a transmissão do SARS-CoV-2 nas residências, incluindo a higiene das mãos e a limpeza e desinfeção de superfícies”.
RTP, emissora pública de Portugal