Covid-19. Reino Unido avança para desconfinamento e França reabre fronteiras
Esta segunda-feira marca o início do levantamento das medidas de restrição no Reino Unido. As lojas não essenciais vão reabrir as suas portas e o uso de máscara passa a ser obrigatório nos transportes públicos. Já em França, o presidente Emmanuel Macron anunciou que foi dada luz verde para o desconfinamento total e o país reabre as suas fronteiras a outros países europeus.Pela primeira vez em quase três meses, as lojas não essenciais vão poder reabrir no Reino Unido com as devidas medidas de segurança e distanciamento social. Devastados pela pandemia, os lojistas britânicos têm apelado aos consumidores para que apoiem o comércio local e ajudem a estimular a economia.
Espaços ao ar livre como jardins zoológicos e locais de culto passam a ter também permissão para reabrir portas.
Para além disso, a partir desta segunda-feira, o uso de máscara passa a ser obrigatório nos transportes públicos e em espaços fechados onde não seja possível manter o distanciamento de dois metros. O Governo britânico continua a apelar ao teletrabalho sempre que seja possível e a evitar os transportes públicos.
No País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte o uso de máscara é recomendado, mas não é obrigatório.
Em França, por sua vez, foi dada luz verde para o desconfinamento total. O presidente Emmanuel Macron anunciou no domingo que o país teve a sua “primeira vitória” e enumerou um conjunto de restrições que serão agora levantadas.
A partir desta segunda-feira, França vai reabrir as fronteiras a outros países europeus e os restaurantes, cafés e bares – que até agora apenas era permitido acesso às esplanadas na região de Paris – vão poder também reabrir portas.Espanhóis e britânicos que viajem para França terão de cumprir um período de isolamento de duas semanas à chegada. Para os países fora da União Europeia, as fronteiras reabrirão a 1 de julho.
Os franceses podem agora visitar familiares em lares e as escolas reabrem a 22 de junho, com exceção do ensino secundário.França regista perto de 195 mil infetados e o número de óbitos é superior a 29 mil.
Toda a França continental passa a estar na “zona verde” do nível de alerta do vírus, à exceção dos territórios ultramarinos da Maiote e da Guiana que permanecem no nível “laranja” por continuarem com um número significativo de novos casos de infeção por Covid-19.
Macron considera que este levantamento de restrições é um “virar de página deste primeiro capítulo” em todo o território francês, no entanto sublinha que “não significa que o vírus desapareceu e que podemos baixar completamente a guarda”.
“O verão de 2020 será um verão diferente de qualquer outro e precisaremos de acompanhar a evolução da epidemia para estarmos preparados no caso de regressar com as forças renovadas”, referiu o presidente francês numa mensagem ao país.
OMS alerta Reino Unido
À medida que o Reino Unido avança para o desconfinamento, o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a Europa, Hans Kluge, alertou que o país continua “numa fase muito ativa da pandemia” e considera que não devem ser levantadas mais medidas de restrição até que o sistema de monitorização de contactos prove ser “robusto e eficaz”.
Kludge refere-se aos dados que demonstram que o Governo britânico falhou na monitorização dos contactos de um terço dos pacientes que testarem positivo à Covid-19 na primeira semana em que foi implementado o novo sistema de controlo de contactos, anunciado como “o melhor do mundo” por Boris Johnson.
Em entrevista a The Guardian, Kludge disse que a reabertura da economia não deveria ser apressada, mas sim feita de forma gradual.
“Sabemos que as medidas de restrição antecipadas salvaram vidas e deram algum tempo para que o sistema de saúde estivesse preparado. Mas eu preferia, em vez de olhar para o passado, saltar para o futuro e dizer que a questão do desconfinamento é tão importante quanto a implementação do confinamento. As palavras-chave são fazê-lo gradualmente, fazer com cuidado”, disse o diretor europeu da OMS. O Reino Unido é o quinto país da lista dos mais afetados em todo o mundo. O número de infetados continua a aumentar e existem, no total, mais de 297 mil britânicos com Covid-19 e ais de 41 mil mortos.
As declarações de Kludge surgem numa altura em que foi confirmada uma revisão à regra do distanciamento social de dois metros, à medida que o Governo tem sido pressionado relativamente às implicações desta norma para o setor comercial. Durante uma visita a um centro comercial em Londres, o primeiro-ministro britânico apelou a que as pessoas “façam compras com confiança”.
“À medida que diminuímos os números, (…) a probabilidade de uma pessoa estar a dois metros ou um metro de uma pessoa infetada está, obviamente, a diminuir estatisticamente, por isso começamos a criar mais margem de manobra”, afirmou Boris Johnson.
“Sabemos que a situação no Reino Unido está ainda a ser levada muito a sério. Mas também sabemos que é um equilíbrio entre três fatores: saúde da população, económico e social e o terceiro fator é o bem-estar das pessoas. Então, seja o que o país decidir: esteja pronto. Ainda não acabou. E qualquer que seja a sua decisão, certifique-se de que é baseada na saúde pública e em observações epidemiológicas”, advertiu Kludge dirigindo-se ao país.
Em todo o mundo, a pandemia já infetou mais 7,9 milhões de pessoas e matou mais de 433 mil pessoas.
RTP, emissora pública de Portugal