“Posições não estão assim tão distantes”. Johnson deseja acordo com UE em julho
União Europeia e Reino Unido entenderam-se esta segunda-feira quanto à necessidade de dar novo impulso às negociações pós-Brexit. O primeiro-ministro britânico quis mesmo mostrar-se convicto de que é possível estabelecer um acordo já no próximo mês de julho.“O que afirmámos hoje é que, quanto mais depressa, melhor. Não há razão para não conseguir concluí-lo em julho”, afirmou Boris Johnson em declarações emitidas pela estação televisiva Sky News, depois de uma reunião por videoconferência com responsáveis europeus.
“Não penso que estejamos assim tão distantes. O que precisamos agora é ver um pouco de energia”, acentuou o primeiro-ministro do Reino Unido.
Recorde-se que o Governo britânico havia ameaçado, em fevereiro, pôr de parte as negociações pós-Brexit à falta de progressos até junho.
Depois do adeus à União Europeia, selado a 31 de janeiro, o Governo britânico negoceia agora com os diretórios de Bruxelas um novo enquadramento para as relações comerciais entre o Reino Unido e o bloco comunitário, uma vez esgotado o período de transição, no fim de 2020.
Contudo, as negociações não têm resultado e progressos palpáveis. Algo que robustece o cenário de no deal. E isto num contexto de quebra pronunciada das economias do Velho Continente com a pandemia do novo coronavírus.
Pela primeira vez, Boris Johnson participou esta segunda-feira numa reunião de alto nível com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli. O objetivo: fazer um balanço do andamento das negociações.
Do comunicado comum saído desta conversa ressalta a ideia de que é necessário “um novo élan” para se chegar a um acordo até ao término do ano sobre as relações futuras entre Londres e os ex-parceiros comunitários; igualmente o apelo à definição célere de “um terreno de entendimento sobre os princípios que sustentem qualquer acordo”.
O inquilino do Número 10 de Downing Street insistiu, todavia, na recusa da submissão a leis europeias ou ao Tribunal Europeu de Justiça, defendendo, por outro lado, a prioridade do acesso de pescadores do seu país a águas de pesca britânicas.
“O verdadeiro teste”
As principais pedras na engrenagem destas negociações são as garantias de uma concorrência leal em matéria fiscal, social e ambiental reclamadas pela União Europeia, que teme ver emergir às suas portas uma economia desregulada. Um dos temas mais quentes é o do acesso de pescadores europeus a águas britânicas.
No Twitter, o presidente do Conselho Europeu escreveu estar pronto “a colocar um tigre no tanque” das conversações, mas não a “comprar um porco ensacado”. “As condições equilibradas de concorrência são essenciais”, vincou Charles Michel.
Fonte europeia, citada pela agência France Presse, adianta que “o verdadeiro teste” ocorrerá nas próximas rondas negociais, no final de junho e no início do próximo mês.
Se o processo negocial falhar, passam a aplicar-se as regras da Organização Mundial do Comércio, com onerosos direitos aduaneiros e controlos fronteiriços.
c/ agências/ RTP Notícias