• Descaso da Enel leva governo a buscar substituta para a empresa

    Publicado em 14.01.2020 às 23:00

    A pedido da Enel, o governador Ronaldo Caiado participou de uma audiência com diretores globais da empresa para ouvir as novas propostas que eles têm a oferecer para Goiás. No entanto, considerando que a Enel já se comprometeu a realizar investimentos e melhorar a prestação de serviços no Estado e nunca cumpriu os acordos firmados, o governador anunciou que pretende buscar junto ao governo federal uma solução mais eficiente, que seria a transação de ativos entre a Enel e outra instituição que possa fazer a distribuição de energia elétrica com mais qualidade, em Goiás.

    “É sempre a mesma tese, de que estão investindo mais, que vão melhorar, que as coisas vão acontecer. No entanto, vocês noticiaram no mês de outubro e novembro a maior crise de falta de energia de Goiás. A população não confia mais naquilo que eles assinam e naquilo que eles dizem”, destacou Ronaldo Caiado. Durante entrevista coletiva, o governador pontuou que os diretores não gostaram da ideia de deixar Goiás e tentaram argumentar. “É lógico que num primeiro momento eles reagiram, disseram que não, que iriam transformar Goiás na maior distribuidora do Brasil e nós já ouvimos isso. Realmente não nos sensibiliza mais e nós preferimos trazer outra empresa”, disse.

    Até o momento, a empresa mais cotada para assumir a antiga Celg D em Goiás é a EDP, uma companhia de origem portuguesa, que tem mais de 20 anos de atuação no Brasil e atua na distribuição de energia elétrica em São Paulo e Espírito Santo. Para Ronaldo Caiado, a troca de ativos é algo mais natural e a mudança na gestão da instituição trará à população goiana a esperança de que os investimentos serão, de fato, executados. “Traz-se uma perspectiva de esperança, de uma nova mentalidade, de uma capacidade mais célere de poder atender às demandas de Goiás, já que em alguns lugares em que a EDP presta serviço tem sido referência no Brasil”, reiterou.

    Governo federal

    Com a negativa dos diretores da Enel, o governador pedirá auxílio para a negociação ao Ministério de Minas e Energia, ao presidente da República, Jair Bolsonaro, e à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), uma vez que a crise energética impede o desenvolvimento econômico e social de Goiás. “A reunião concluiu-se nesse clima em que eles insistem em dizer que vão investir e nós já não acreditamos mais nessa história que vem se repetindo desde 2019”, reforçou Caiado.

    A transação de ativos é a solução mais benéfica para Goiás e também para a Enel, considerando que tramita na Assembleia Legislativa (Alego) um projeto de lei que prevê a encampação da concessão à empresa. “Não é preferível nós fazermos o entendimento onde as duas partes vão resolver o assunto ao invés de ter uma queda de braço, um processo judicial, uma encampação, um processo de caducidade?”, indagou o governador.

    Presente na reunião, o secretário de Desenvolvimento e Inovação (Sedi), Adriano da Rocha Lima, ressaltou que essa transação não é um procedimento complicado, mas é necessário que as duas empresas privadas estejam de acordo. “É um processo que já aconteceu várias vezes no Brasil, nesse processo todo de privatização, troca de controles. Não é, do ponto de vista da Aneel, algo que seja complicado. Agora, obviamente eles precisam concordar com esse processo para que avance a possibilidade”, explicou o secretário.

    Participaram da reunião os diretores globais de Infraestrutura e Redes da Enel, Lívio Gallo; de Distribuição no Brasil, Guilherme Lencastre; o CEO da Enel no Brasil, Nicola Cotungo; o diretor da Aneel, Rodrigo Limp; o presidente da Celg GT, Lener Silva; o secretário de Comunicação, Marcos Silva; o presidente da Assembleia, deputado estadual Lissauer Vieira; e o líder do governo na Alego, deputado estadual Bruno Peixoto.