Merkel condena discriminação de habitantes de regiões em confinamento
Um porta-voz da chanceler alemã, Angela Merkel, considerou hoje “completamente inaceitáveis” comportamentos discriminatórios para com os habitantes de dois cantões alemães em regime de confinamento, na sequência do surgimento de importantes focos de contaminação por coronavírus.
“É completamente inaceitável e constitui um comportamento repugnante que as pessoas em Gütersloh e em Warendorf sejam por vezes insultadas e as suas viaturas riscadas”, considerou Steffen Seibert no decurso da sua habitual conferência de imprensa em Berlim.
“Devemos demonstrar respeito e simpatia uns em relação aos outros, em particular nas situações difíceis”, acrescentou o porta-voz da chanceler, acrescentando que qualquer pessoa pode subitamente deparar-se com um surto da covid-19.
Na terça-feira, a Alemanha instaurou pela primeira vez um reconfinamento a nível local no estado da Renânia do Norte-Vestefália (oeste), que abrange mais de 600.000 pessoas, face à erupção de um importante foco de contaminação proveniente do maior matadouro da Europa.
O país, definido como um modelo de gestão da pandemia do coronavírus, foi um dos primeiros na Europa a iniciar o desconfinamento há cerca de sete semanas.
Entre os 1.655 testes realizados entre a população de Gütersloh, apenas três pessoas foram declaradas positivas à covid-19 indicaram na quinta-feira as autoridades locais.
Diversos estados regionais alemães decidiram não acolher as pessoas provenientes desses cantões, caso desejem passar férias no seu território.
Um casal proveniente de Gütersloh foi forçado a abandonar a ilha de Usedom, no norte, enquanto a Baviera, região montanhosa e de tradição turística, anunciou que os seus hotéis não aceitariam reservas provenientes das regiões de alto risco.
O chefe do governo da Renânia do Norte-Vestefália, Armin Laschet, aconselhou as pessoas que desejem viajar na Alemanha a efetuarem previamente testes para provar que não são portadoras do vírus.
“Mas não é normal que os habitantes do cantão de Gütersloh sejam abertamente estigmatizadas”, lamentou.
A pandemia de covid-19 já provocou quase 487 mil mortos e infetou mais de 9,6 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Os Estados Unidos são o país com mais mortos (124.415) e mais casos de infeção confirmados (mais de 2,42 milhões).
Seguem-se o Brasil (54.971 mortes, mais de 1,22 milhões de casos), Reino Unido (43.230 mortos, quase 308 mil casos), a Itália (34.678 mortos e mais de 239 mil casos), a França (29.752 mortos, mais de 197 mil casos) e a Espanha (28.330 mortos, mais de 247 mil casos).
A Rússia, que contabiliza 8.770 mortos, é o terceiro país do mundo em número de infetados, depois dos EUA e do Brasil, com quase 620 mil, seguindo-se a Índia, com mais de 490 mil casos e 15.301 mortos.
RTP, emissora pública de Portugal