• Coronavírus: MP-GO promove webconferência para compartilhar dados e alinhar ações de enfrentamento

    Publicado em 1.07.2020 às 17:29

    Ministério Público de Goiás (MP-GO) realizou, nesta terça-feira (30/6), webconferência sobre a expansão do coronavírus em Goiás, visando ao compartilhamento de estudos e dados científicos produzidos pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e de medidas adotadas pela Superintendência de Vigilância em Saúde (Suvisa). 

    A reunião foi mediada pelo procurador-geral de Justiça, Aylton Flávio Vechi, e contou com a participação das subprocuradoras-gerais de Justiça, Ana Cristina Peternella e Laura Maria Ferreira Bueno; das coordenadoras das Áreas de Saúde e do Patrimônio Público do Centro de Apoio Operacional (CAO), Karina D’Abruzzo e Fabiana Zamalloa, e promotores de Justiça com atuação na saúde em todo o Estado, com mais de 65 participantes. O encontro teve como convidados o professor Thiago Rangel, um dos membros da equipe da UFG responsável pelos estudos sobre a Covid-19, e a superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (Suvisa), Flúvia Amorim.

    O procurador-geral de Justiça destacou a importância de receber os especialistas, inclusive para que as respostas às indagações dos promotores possam subsidiá-los na reflexão e na análise de como o MP-GO vai agir nos municípios e na definição das estratégias a serem adotadas no enfrentamento à doença. Conforme ressaltado pelo chefe do MP, é importante também que o tratamento da questão seja feito de forma regionalizada, coordenada e uniforme. “Embora as soluções sejam buscadas pelo diálogo, temos que promovê-lo utilizando instrumentos válidos, tais como a recomendação”, ponderou Aylton Vechi.

    Modelo UFG 
    A primeira parte da webconferência contemplou o detalhamento do Modelo da UFG para medir a presença da Covid-19 em Goiás, assim como da Estimativa de Impacto Populacional da Covid-19, feito pelo professor Thiago Rangel. Ele observou, no entanto, que faltam dados regionalizados, bem como por município, quanto aos leitos de unidade de terapia intensiva (UTI), números que poderiam ser muito bem utilizados nos estudos. O professor explicou como funciona o modelo de simulação, registrando, no entanto, a complexidade da realidade. “Começamos nossa pesquisa em meados de fevereiro e março, incluindo informações como índice de isolamento social”, informou Rangel, acrescentando que, de lá para cá, tem passado por atualização e calibração.

    Outro tópico abordado pelo pesquisador refere-se à pergunta “O que aconteceria em Goiás se deixarmos como está?”, demonstrando o cenário hipotético até a projeção de óbitos e alternativas, como o fechamento alternado 14 x 14 dias. Para ele, a medida, combinada com o rastreamento de casos e outras, possibilitaria a quebra da cadeia de contato.

    Medidas implantadas em Goiás 
    A superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (Suvisa), Flúvia Amorim, falou sobre o que foi aprendido com as medidas implantadas em Goiás e outros Estados. A superintendente lembrou que as medidas implementadas inicialmente foram efetivas. Posteriormente, houve um aumento lento e progressivo de transmissibilidade em maio e aumento rápido agora, o que demandou, enfim, um rigor maior por parte da secretaria. 

    Ela concorda que, além da restrição 14 x 14, será necessário implantar ou dar mais corpo a outras ações, como a busca ativa de contatos, a identificação rápida dos casos, o isolamento e monitoramento de casos e contatos, o que vai impactar na mitigação da epidemia. Desta forma, observou que o Estado vai ampliar a capacidade de diagnóstico, o rastreamento de contatos de casos pela busca ativa, e adoção de estratégias específicas para grupos prioritários e de maior preocupação, como os profissionais e residentes de Instituições de Longa Permanência de Idosos e os lotados em unidades de saúde. 

    Ela também anunciou o aumento da rede assistência social e de leitos no Estado, o que será valorado com base no estudo da UFG. Por fim, comunicou que está em fase de elaboração o plano estadual de flexibilização das medidas de distanciamento social em médio prazo, o que deve ser feito com a articulação entre os níveis de gestão e entre os poderes.

    Trânsito de dados 
    Após as explanações, os promotores interagiram com o pesquisador e a superintendente para elucidação de dúvidas, em especial quanto à aplicação do modelo proposto pela UFG, de acordo com as peculiaridades de cada município, sendo estas expostas pelos promotores que atuam no interior.

    Muitas considerações foram feitas quanto a eventual possibilidade de colapso do sistema de saúde, tendo sido levantada a necessidade de melhorar o trânsito de dados entre os municípios e o Estado e seu repasse à universidade, o que preencheria a lacuna necessária para modelagem mais eficaz. 

    Neste sentido, a superintendente explicou alguns equívocos ocorridos na alimentação do sistema por parte dos municípios, enquanto Thiago Rangel reforçou a importância do acesso aos números reais, solicitando dos promotores uma mediação ou intervenção para essa adequação. (Texto: Cristiani Honório – Fotos: João Sérgio/Assessoria de Comunicação Social do MP-GO)