• Cientistas pedem atenção à transmissão aérea e ventilação de espaços fechados

    Publicado em 6.07.2020 às 18:14

    Mais de 200 cientistas pediram hoje à Organização Mundial de Saúde (OMS) que reconheça “o potencial de transmissão aérea” da covid-19 e pedem medidas preventivas para esta forma de contágio, sobretudo em espaços lotados, como transportes públicos.

    Até agora, a OMS tem apontado como principal via de transmissão do novo coronavírus as gotículas respiratórias expelidas quando alguém fala ou tosse e que atingem outra pessoa, daí a necessidade de guardar uma distância de segurança de dois metros.

    No entanto, estudos feitos pelos signatários da carta dirigida à OMS e por outros investigadores demonstram “para além de qualquer dúvida razoável” que os vírus se libertam pela respiração, fala ou tosse em microgotículas suficientemente pequenas para permanecer no ar e constituir “um risco de exposição a distâncias superiores a um ou dois metros de uma pessoa infectada”.

    O problema, dizem, é “especialmente grave” em ambientes interiores ou fechados, especialmente os que “estão abarrotados e têm ventilação inadequada” em relação ao número de ocupantes e aos períodos de exposição.

    “Apelamos à comunidade médica e às instituições internacionais e nacionais responsáveis para que reconheçam o potencial da transmissão aérea da covid-19”, afirmam.

    A petição está associada a um artigo científico chamado “é hora de abordar a transmissão aérea da covid-19”, cuja principal autora é Lidia Morawska, do Laboratório Internacional de Qualidade do Ar e Saúde da Universidade Tecnológica de Queensland, na Austrália.

    O texto, publicado na revista Clinical Infectious Diseases, é apoiado por 239 cientistas, e nele se cita o exemplo de um restaurante chinês em que houve contágio e se verificou, através de gravações das câmaras de vigilância, que não houve contacto direto nem indireto entre a pessoa infetada e aquelas que foram contagiadas.(RTP, emissora pública de Portugal)