Bolsonaro acusa europeus de quererem prejudicar o agronegócio brasileiro

Publicado em 17.07.2020 às 07:32

O presidente do Brasil disse, numa transmissão ao vivo nas redes sociais, que há uma seita ambiental na Europa a tentar prejudicar o agronegócio local, acusando o país de não preservar as florestas.”Essa guerra da informação não é fácil. Nós temos problemas porque o Brasil é uma potência no agronegócio. A Europa é uma seita ambiental. Eles (europeus) não preservaram nada do seu meio ambiente, praticamente nada, quase não se ouve falar em reflorestamento na região, mas o tempo todo atiram em cima de nós (Brasil) de forma injusta porque é uma briga comercial`, afirmou Jair Bolsonaro.

“No passado havia um interesse enorme pela região amazónica e, hoje em dia, há interesse em todo o Brasil. Nós somos bombardeados 24 horas por dia (..) grande parte dos ‘medias’ aproveitam o momento para criticar o governo, como se em governos anteriores estivesse uma maravilha a área de preservação ambiental no Brasil”, acrescentou.

Bolsonaro também afirmou que os jornalistas estrangeiros que publicam críticas contra o seu governo são influenciados por pessoas mal intencionadas e pelos “medias” locais.

Para justificar o aumento das queimadas na Amazónia, registadas em vários meses deste ano, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) brasileiro, o chefe de Estado afirmou que os incêndios acontecem em áreas já desflorestadas onde, segundo ele, os agricultores usam o fogo para limpar o terreno e depois plantar.

Bolsonaro disse que os indígenas e os moradores da Amazónia são os responsáveis por colocar fogo nas terras da região, sem apresentar evidências.

Sobre as propostas do governo para sanar a destruição dos biomas do país, Bolsonaro lembrou a medida provisória 910, que tinha assinado para legalizar a posse fundiária em áreas da Amazónia. Especialistas e defensores do meio ambiente criticaram a medida vista como um prémio para desflorestadores que invadem ilegalmente e tomam posse de terras públicas.

O texto da medida provisória não foi votado no congresso brasileiro e, portanto, perdeu a validade. Agora, os parlamentares brasileiros preparam-se para debater um outro projeto sobre o tema, quando o governo já anunciou que poderá dar estas terras a quem se autodeclarar proprietário num cadastro fundiário.

RTP, emissora pública de Portugal