Reino Unido assina acordos para a compra de 90 milhões de doses de vacinas
O Governo britânico assinou acordos para a compra de 90 milhões de doses de vacinas contra o novo coronavírus que estão a ser desenvolvidas através de uma aliança entre as farmacêuticas BioNtech e Pfizer, assim como pela empresa de biotecnologia Valneva.Um acordo semelhante tinha já sido feito com a farmacêutica AstraZeneca, com a qual o Executivo acordou a compra de 100 milhões de doses da vacina que está a ser desenvolvida na Universidade de Oxford.
O Reino Unido está, assim, a apostar em vacinas que utilizam três estratégias diferentes. A desenvolvida em Oxford é feita a partir de um vírus modificado geneticamente; a das farmacêuticas BioNtech e Pfizer injeta parte do código genético do novo coronavírus e, por fim, a da Valneva utiliza uma versão inativa do SARS-CoV-2.
“O facto de termos tantos candidatos promissores mostra o ritmo sem precedentes a que nos estamos a mover”, considerou à BBC Kate Bingham, líder da task-force do Governo britânico para a procura de uma vacina contra o novo coronavírus.
“Mas apelo a que não sejamos demasiado otimistas. Podemos nunca conseguir alcançar uma vacina e, se a conseguirmos, pode não ser uma vacina que impeça a infeção, mas que apenas reduza os sintomas”, alertou a responsável. Caso uma vacina eficaz venha a ser desenvolvida, o Reino Unido dará prioridade aos profissionais de saúde e aos cuidadores, assim como às pessoas de elevado risco.
Considerada por especialistas como a melhor das ferramentas para combater a Covid-19, a vacina certa continua a ser procurada por várias empresas e países, não sendo ainda previsível qual das tentativas será a vencedora.
Neste momento são mais de 20 as vacinas em fase de ensaios clínicos. Algumas delas conseguiram provocar uma resposta imunitária, mas nenhuma provou ainda conseguir proteger da infeção pelo novo coronavírus.
Prevê-se que nenhuma vacina consiga provar totalmente a sua eficácia até ao final deste ano e que uma vacinação a nível global não seja possível até 2021.
Até lá, o Governo britânico espera conseguir que meio milhão de pessoas se voluntarie para testar vacinas no Reino Unido através do site de registo do Serviço Nacional de Saúde para a pesquisa de vacinas contra a Covid-19.
“Agora que existem várias vacinas promissoras no horizonte, precisamos de apelar novamente à generosidade do público para nos ajudar a descobrir quais delas são as mais eficazes”, explicou à BBC Chris Whitty, médico e consultor científico do Governo do Reino Unido.
Para além de apostar em vacinas, o Executivo de Boris Johnson acordou ainda com a AstraZeneca a compra de tratamentos para a Covid-19 produzidos através de anticorpos neutralizadores, que têm o potencial de desativar o vírus.
Este tipo de tratamento poderá eventualmente ser administrado a pessoas que não podem receber a vacina por terem um sistema imunitário debilitado ou por estarem a ser submetidas a tratamentos para o cancro.
RTP, emissora pública de Portugal