• Covid-19: Infecções na Espanha triplicaram em apenas duas semanas

    Publicado em 21.07.2020 às 07:58

    Na Espanha, os casos de Covid-19 triplicaram em pouco mais de duas semanas. São agora 27,39 as infecções por cada 100 mil habitantes, quando no início de julho esse número se fixava em 8,76, segundo o Ministério espanhol da Saúde.O número de infecções por cada 100 mil habitantes é atualmente semelhante ao do início de maio, quando Espanha iniciou o desconfinamento. A partir dessa data, a incidência da doença foi diminuindo até alcançar, a 25 de junho, o seu número mais baixo até ao momento: 7,74 infecções por cada 100 mil habitantes.

    Desde então, a tendência inverteu-se e o número não tem parado de subir, especialmente nas últimas duas semanas. Os surtos verificados nas comunidades autônomas de Aragão e Catalunha explicam parcialmente esta subida. “Nestas comunidades a situação é muito preocupante”, lamentou a El Pais o porta-voz da Sociedade Espanhola de Epidemiologia, Fernando Artalejo. “Se não a controlarmos já, teremos um cenário muito complicado”.

    “Para que se possa interpretar corretamente o aumento da incidência [em toda a Espanha], há que perceber em que medida esse aumento se deve a Aragão e Catalunha e se, excluindo estas comunidades, corresponde a surtos que estejam sob controlo, o que parece ser o caso”, elucidou o especialista.

    Artalejo sublinhou ainda a importância de se entender o resultado das restrições que essas duas comunidades impuseram para controlarem os surtos. “Sabemos que o confinamento rigoroso é muito eficaz. Mas ninguém sabe quão eficazes são as outras medidas. Não há investigação suficiente sobre isso”, explicou.
    Desconfinamento pode estar na origem
    O ministro espanhol da Saúde, Salvador Illa, já apelou a que os habitantes de Catalunha e Aragão respeitem as medidas de confinamento parcial decretadas pelas regiões, acrescentando que o seu Ministério as apoia totalmente.

    O responsável do Executivo de Pedro Sánchez frisou ainda que, dos 201 surtos ativos em todo o país, vários estão relacionados com os trabalhadores temporários que fizeram a apanha da fruta este ano, sendo que muito outros surtos estão relacionados com o desconfinamento e com o aumento das festas e celebrações familiares e entre amigos em eventos e em espaços de diversão noturna.

    A subida das últimas semanas é também percetível nas estatísticas da Organização Mundial da Saúde, que aponta para Espanha como o país da União Europeia onde mais está a aumentar o número de novos casos. A OMS compara a incidência acumulada a cada 14 dias em toda a região europeia, que inclui 53 países.
    No domingo, Espanha tinha duplicado a taxa de incidência em relação ao número divulgado duas semanas antes, com um aumento de 103 por cento. O país é apenas superado pelo Quirguistão (que registou uma subida de 354 por cento), Montenegro (161 por cento), Luxemburgo (151 por cento) e Israel (147 por cento).Metade dos casos são assintomáticos
    “É muito difícil manter a taxa de incidência baixa e com tendência a desaparecer”, explicou ao El Pais o epidemiologista Ildefonso Hernández. “Em todos os países vemos que, quando se aproximam de uma incidência muito baixa, geralmente ocorrem surtos”.

    Já o porta-voz da Sociedade Espanhola de Epidemiologia assegurou que não se têm cumprido as recomendações de alguns líderes políticos para que os cidadãos não se desloquem a zonas de alta incidência. “É muito importante usar medidas de proteção onde quer que alguém vá”, aconselhou o especialista, acrescentando que o fundamental neste momento é “ir apenas a lugares onde estejam poucas pessoas”.

    O Centro de Coordenação de Alertas e Emergências Sanitárias de Espanha confirmou que a tendência de contágios no país tem sido crescente, mas tentou tranquilizar a população. “Entre 50 a 60 por cento dos casos positivos são assintomáticos”, esclareceu a porta-voz María José Sierra, acrescentando que os hospitais não têm sentido o impacto deste aumento de infeções.

    Desde que o novo coronavírus chegou a Espanha, fez nesse país mais de 282 mil infetados, dos quais 28 mil são vítimas mortais. Até ao momento, cerca de 150 mil pessoas conseguiram recuperar da doença.

    RTP, emissora pública de Portugal