Relatório final aponta fortes chuvas como causa da mortandade de peixes na região de Aruanã
O Governo de Goiás finalizou, nesta última quinta-feira, dia 20, o relatório da investigação das causas da mortandade de peixes registrada no último dia 03 de fevereiro no Rio Vermelho, em Aruanã. O documento excluiu qualquer hipótese de contaminação da água por elementos químicos danosos, assim como a presença de pesticidas e agrotóxicos.
O texto final divulgado pela Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) informa que os testes realizados pelo Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo) apontaram que 10 dos 99 parâmetros mensurados apresentaram-se em inconformidade com diretrizes do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) ao menos em uma amostra.
A força-tarefa destacada pelo Governo de Goiás construiu a sequência de fatores que culminou na mortandade a partir de análises pluviométricas, de relevo, comparações históricas, entre outras. Dessa forma, o relatório apontou que a alta intensidade de chuvas na região do Rio Vermelho arrastou matéria orgânica para os leitos do corpo d’água. A partir daí, a decomposição da matéria orgânica acentuou gradativamente a diminuição do oxigênio presente na água, que chegou a níveis abaixo do aceitável para a presença de vida aquática.
Segundo a secretária Andréa Vulcanis, a investigação aponta para uma mudança cada vez mais acelerada das bacias hidrográficas. “As chuvas que caíram em janeiro e fevereiro foram as maiores dos últimos três anos, assim como a cheia do rio, o que explica a inundação de áreas de pastagem que não chegavam a ser alagadas em tempos recentes”, explica. “Sem a mata ciliar em vários pontos, a cheia do Rio Vermelho carregou muito material dos pastos para o curso d’água, o que mostra a necessidade de preservarmos a vegetação nativa destas áreas”, destaca.
Os técnicos da Semad afirmam que não há um prazo definido para que o oxigênio dissolvido volte a níveis normais na região de Aruanã. O Governo de Goiás segue acompanhando a situação do rio de perto e deve realizar, em parceria com a Saneago, novas análises durante as próximas semanas.
Leia a íntegra da conclusão do relatório
“Diante das análises e levantamentos realizados, apresenta-se, neste momento, como causa provável da mortandade dos peixes, os baixos níveis de oxigênio dissolvido nos corpos hídricos, em consequência das altas intensidades das chuvas na Bacia Hidrográfica do Rio Vermelho, que promoveu o arraste de materiais orgânicos para os cursos hídricos.
Diante o exposto, temos o seguinte cenário: a combinação de uma área antropizada, com o uso intensivo de pastagens; ausência de mata ciliar em alguns trechos; as precipitações de janeiro e fevereiro de 2020 foram mais intensas, numa sequência de dias em comparação com os últimos três anos; elevação do nível do rio, que atingiu áreas que antes não eram atingidas. Toda esta matéria orgânica presente no solo, tais como vegetação e material residual que estava sobre as pastagens, poderá levar algum tempo para se decompor na totalidade, não sendo possível estimar um período ou prazo para que os níveis de oxigênio dissolvido sejam reestabelecidos.
Portanto, a decomposição desta matéria orgânica nos corpos hídricos provocou a redução extrema do oxigênio dissolvido que, associada às alterações em suas características (concentrações de sulfeto e metais), apresentam-se como as prováveis causas da mortandade dos peixes no Rio Vermelho.”