Covid-19: “O turismo de massas pode chegar ao fim”
O secretário-geral da Organização Mundial do Turismo (OMT), Zurab Poloikashvili, prevê que a crise provocada pela atual pandemia da Covid-19 venha a conduzir ao fim do turismo de massas. Poloikashvili vê a pandemia como um momento chave para repensar o modelo deste setor.Questionado pelo jornal espanhol La Vanguardia sobre se a pandemia do novo coronavírus poderá acabar com o turismo de massas, o secretário-geral da OMT respondeu que “sim, em algum momento será o fim”. Poloikashvili acrescentou que a certeza que existe no momento é que, nos próximos dois anos, “nenhum país terá o problema de turismo excessivo”.
O responsável pelo turismo mundial considera que a recuperação dos fluxos de turismo anteriores à pandemia “levará tempo” e dependerá da evolução do vírus, lembrando que a Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA) indicou que a recuperação total não irá ocorrer antes de 2023. “Mas tudo é muito incerto”, ressalvou Poloikashvili.
Apesar disso, o responsável pela OMT mantém-se otimista e considera que a “normalidade está ao virar da esquina”, apesar de a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter defendido recentemente que não haverá um regresso à normalidade que conhecíamos num futuro próximo.
Para Poloikashvili, a crise sanitária poderá ser, no entanto, uma oportunidade para repensar o modelo do turismo. “O turismo é uma fonte de riqueza muito importante, mas causa problemas de coexistência quando é excessivo”, explica o responsável pela OMT. “Penso que neste momento é uma boa altura para cidades e países afetados pela massificação perceberem os erros que cometeram e repensarem o seu modelo de turismo”, acrescentou.
Na opinião de Poloikashvili, a pandemia irá provocar ainda alterações na sustentabilidade do turismo e acredita que “o perfil do turista será rejuvenescido”. “A partir de agora, os jovens viajarão em detrimento dos mais velhos, mais vulneráveis ao vírus”, explicou o secretário-geral, considerando que “as empresas terão de se adaptar e assumir que de cada crise se pode retirar uma oportunidade”.
Neste momento, Poloikashvili coloca a prioridade na recuperação da confiança e segurança do turista. “Somos a favor de ideias como o passaporte de saúde ou a ponte aérea entre países”, disse o responsável, revelando que a OMT está a elaborar um roteiro “com a inovação e cooperação internacional como pilares essenciais da estratégia de todos os países”.
“Também criámos o Comité Global de Crise do Turismo para reunir o sistema da ONU e os líderes do setor público e privado e, assim, coordenar uma resposta firme”, asseverou Poloikashvili.
Relativamente à segurança em viajar, o secretário-geral da OMT responde que é seguro viajar na Europa, mas em regiões como os EUA ou a América Latina “ainda é cedo para ir”. “China e Rússia também permanecem fechados”, acrescentou Poloikashvili.
RTP, emissora pública de Portugal