Alemanha. Novo pico de infecções atribuído à “negligência” da população
A pandemia de Covid-19 está a agravar-se na Alemanha e já levanta preocupações sobre uma segunda onda. O presidente do instituto epidemiológico do país considera que o aumento de casos é culpa da “negligência” da população.“A evolução causa-me a mim e a todos no Instituto Koch grande preocupação”, afirmou esta terça-feira Lothar Wieler, presidente do instituto epidemiológico alemão Robert Koch, que tem contabilizado os números do novo coronavírus nesse país.
Apesar de constatar “êxitos” no controle da pandemia na Alemanha, o responsável alertou que é “preciso respeitar as regras” e constatou que “o aumento [do número de casos] tem a ver com o fato de as pessoas se terem tornado negligentes”.
Essa alegada negligência estará associada ao aumento do contato entre pessoas em festas, convívios e nos locais de trabalho, pelo que o Instituto Robert Koch apelou a que se cumpram as regras de distanciamento social.
Lothar Wieler acrescentou que não há certezas sobre se o país está ou não a atravessar uma segunda onda de infecções . “Não sabemos se este é o início de uma segunda onda, mas pode ser. No entanto, continuo convicto de que podemos fazer frente a esta situação se respeitarmos as regras em vigor e que não devem ser questionadas”, realçou.
O número de novos casos na Alemanha quase duplicou esta terça-feira para 633, elevando para mais de 205 mil o total de infecções desde que a pandemia teve início no país – sendo que a maioria (189 mil) já recuperou da doença. Há também mais quatro vítimas mortais nas últimas 24 horas, para um total de 9122.
“Aumento generalizado”
Já no domingo o Instituto Robert Koch tinha alertado para números preocupantes, relatando casos de surtos em empresas de processamento de carnes, instalações para refugiados e requerentes de asilo, lares de idosos e hospitais, assim como em contextos familiares ou eventos religiosos.
Segundo o mesmo instituto, o recente pico de casos afetou muitos dos Estados federais alemães, mas mais de 60 por cento das novas infecções estão localizadas nos Estados da Renânia do Norte-Vestfália, Baviera e Bade-Vurtemberga.
“Não existe um foco central, mas um aumento generalizado. As cadeias de infecção são, assim, mais difíceis de localizar e de interromper”, esclareceu ao Spiegel o virologista Jonas Schmidt-Chanasit, do Instituto de Medicina Tropical Bernhard Nocht.
Para evitar que os números aumentem ainda mais, a Alemanha anunciou na segunda-feira planos para a realização de testes obrigatórios e gratuitos a pessoas que cheguem a território alemão vindas de países de risco elevado.
“Temos de impedir as pessoas que regressam [à Alemanha] de infectarem outras e de criarem novas cadeias de infecção ”, considerou o ministro alemão da Saúde, Jens Spahn.
O responsável do Executivo alemão referiu ainda que Berlim vai rever em breve a lista de 130 países que considera de “risco elevado”, entre os quais se encontram a Turquia, o Egipto e os Estados Unidos. Portugal não se encontra, de momento, nessa lista.
RTP, emissora pública de Portugal