Líderes repudiam fala de Bolsonaro sobre manifestações contra o Congresso e o STF
Líderes parlamentares de diversos partidos manifestaram contrariedade sobre o vídeo repassado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, e divulgado pela imprensa, convocando manifestações para o dia 15 de março em defesa do governo. Apoiadores do presidente marcaram protestos contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal.
Mais cedo o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu o respeito às instituições e à ordem democrática e afirmou que criar tensão institucional não ajuda o País a evoluir.
Diálogo
O líder do Democratas, deputado Efraim Filho (PB), defendeu o diálogo para enfrentar os desafios do País. “Agora, com uma epidemia mundial batendo a nossa porta, é hora dos seus líderes estarem dialogando e concentrando esforços conjuntos para enfrentarem esse desafio. A Constituição já dá a solução em seus princípios: “poderes independentes sim, porém harmônicos”, disse Efraim.
O líder da Oposição, deputado Alessandro Molon (RJ), criticou a fala do presidente e disse que vai ser articular com outros partidos para impedir quaisquer tentativas de rupturas democráticas.
“Basta! O próprio presidente convoca ato contra a democracia? Como Bolsonaro não consegue oferecer uma vida melhor ao povo, procura culpados: o Congresso, o Judiciário, a imprensa. As forças democráticas vão agir. Vamos nos unir para impedir outra ditadura! ”, disse Molon.
Compromisso constitucional
A líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (RJ), afirmou que não dá para aceitar a fala de Bolsonaro como algo menor ou isolado. “A palavra de ordem agora precisa ser Brasil Unido Contra o Fascismo. Oposição, centro, forças políticas independentes, instituições diversas, sociedade organizada ou não. Todos que apoiam a democracia e a Constituição”, protestou Feghali.
O líder do Cidadania, deputado Arnaldo Jardim (SP), também criticou a manifestação de Bolsonaro. “Vejo um ataque às instituições e um descumprimento de compromisso constitucional”, disse Jardim.
A líder do Psol, deputada Fernanda Melchionna (RS), afirmou que se trata de uma ameaça às instituições. “Nos grupos que apoiam Bolsonaro, circulam pedidos de golpe militar estimulados pelo próprio governo. Não ficaremos observando essas repetidas ameaças. Nossa resposta precisa ser nas ruas”, criticou Melchionna.
Agressão à sociedade
O líder do PT, deputado Ênio Verri (PR), afirmou que é inadmissível que o presidente Bolsonaro defenda manifestação pedindo o fechamento do Congresso Nacional. “Toda a sociedade está sendo agredida e deve se levantar contra mais esse atentado cometido por Bolsonaro, que não tem qualificação para o cargo”, protestou Verri.
O líder do PSB, deputado Tadeu Alencar (PE), avaliou a atitude do presidente Bolsonaro como grave e extremista. “O presidente brinca com fogo; nós democratas não devemos permiti-lo, sob pena de grave omissão histórica”, disse.
O líder do PTB, deputado Pedro Lucas Fernandes (MA), também se manifestou contrariamente à fala de Bolsonaro. “O Brasil precisa de equilíbrios institucionais, de poderes harmônicos, independentes e respeitando-se para poder crescer. Isto é democracia! ”, afirmou Fernandes.
O líder do PDT, deputado André Figueiredo (CE), afirmou que a fala do presidente da República tem um viés autoritário e golpista. “Querem incitar a população a esfacelar ainda mais o Estado brasileiro. Mas não temos medo de milicianos e fascistas que usam o povo para galgar novo golpe”, protestou o líder.
O vice-líder do Podemos deputado Bacelar (BA) também criticou vídeo divulgado por Bolsonaro. “A conclamação do presidente para ato contra a corte e o Congresso, se confirmada, revela a face sombria de um presidente da República que desconhece o valor da ordem constitucional, que ignora o sentido fundamental da separação de Poderes”, afirmou Bacelar.
Outro lado
O líder do PSL, deputado Eduardo Bolsonaro (SP), foi o único a defender o presidente. Ele afirmou que estão todos se unindo contra Bolsonaro e que parte da imprensa quer criar atritos entre o Executivo e o Legislativo.
“E ainda tem isentão achando que engana: ‘eu não sou contra Bolsonaro, só estou criticando para ajudar o País’. Imaginem como estaria o Brasil com Haddad e daí façam suas críticas”, protestou. (Agência Câmara)