• Covid-19: Espanha foi o país europeu que mais empregos destruiu no primeiro semestre

    Publicado em 1.09.2020 às 07:40

    Ainda a combater a crise sanitária provocada pela pandemia do novo coronavírus e a enfrentar uma nova crise económica, Espanha voltou a registrar uma queda histórica na taxa de emprego. De acordo com o Eurostat, a economia espanhola eliminou mais empregos do que qualquer outra economia europeia este ano.Com a pandemia veio a paralização de serviços, o confinamento, a quebra no turismo, o despedimento coletivo e os trabalhos precários e sazonais. A queda geral na atividade produtiva, principalmente durante o estado de Emergência, teve consequências óbvias no mercado de trabalho em Espanha. 

    O segundo trimestre deste ano foi o pior da história da economia espanhola,registrando-se uma perda de 1,1 milhões de postos de trabalho. O número de desempregados supera agora os 15,3 por cento. 

    A Espanha voltou a ser o país europeu com mais postos de trabalho eliminados numa crise, segundo El País, que revela que a diminuição de empregos quase triplicou, durante a primeira metade do ano, comparando com os restantes países europeus. 

    A economia espanhola perdeu 7,5 por cento dos empregos entre os meses de abril e junho, segundo dados do Eurostat, aos quais se deve somar mais um por cento a partir do primeiro trimestre. Ou seja, cerca de oito por cento dos postos de trabalho foram destruídos na primeira metade do ano, avança o jornal espanhol. 

    E, segundo ainda os números do INE (Instituto Nacional de Estatísticas), entre janeiro e junho desapareceram 1,35 milhões postos de trabalho em Espanha.
    Estes dados, no entanto, não incluem os trabalhadores que recorreram a regimes de proteção ao emprego temporário, como o ERTE (expedientes de regulação temporária de emprego), implementados em toda a União Europeia, permitindo mitigar em parte os efeitos no mercado de trabalho.
    Comparando a situação espanhola com o panorama europeu constata-se que os efeitos da pandemia na economia de Espanha foram maiores. Na Alemanha, por exemplo, apenas 1,4 por cento das atividades laborair foram suprimidas no segundo trimestre e nenhuma no primeiro, de acordo com o Eurostat. 

    Já em França, houve uma quebra de 2,6 por cento no segundo trimestre de 2020 e 0,2 por cento no primeiro. E no Reino Unido apenas 0,7 por cento dos postos de trabalho desapareceram, apesar de ter sofrido uma queda do PIB semelhante a Espanha.Oferta de trabalho diminuiu
    A Europa continua a enfrentar a pandemia da Covid-19 e Espanha foi dos países mais afetados, tanto a nível sanitário como a nível económico. Perante uma recessão econcómica, a falência de empresas, as demissões em massa, os ERTE, o aumento da taxa de desemprego e as poucas perspetivas de emprego, o cenário em Espanha não parece animador.

    Desde a entrada em vigor do estado de emergência, a 15 de março, e até ao início do processo de descofinamento, a 4 de maio, o Banco de Espanha estima que a atividade económica tenha diminuído cerca de 30 por cento.

    E uma das consequências desta quebra de atividade foi a redução de quase 70 por cento de oferta de trabalho.
    À semelhança de outros países, o governo espanhol implementou esquemas de proteção ao emprego temporário, considerando que a pandemia é uma crise temporária e que era necessário assegurar os redimentos dos trabalhadores até à retoma da normalidade. Dessa forma, o governo de Pedro Sánchez criou os ERTE.

    No entanto, e apesar do enorme alívio dos ERTE, a Espanha é mais uma vez um dos países que mais empregos perdeu durante uma nova crise. De facto, aumentou em parte alguns empregos temporários, apenas para manter alguma atividade, mas não parece ser a solução.

    Segundo o El País, dois terços dos empregos perdidos este ano eram temporários – apenas dois por cento dos postos de trabalho que desapareceram eram fixos e 11 por cento eram trabalhos temporários.

    Durante o confiamento Espanha registou uma queda da atividade superior à de muitos países europeus, com 5,2 por cento no primeiro trimestre e 18,5 por cento no segundo – quedas semelhate apenas à do Reino Unido, com dois por cento e 20,4 por cento, respetivamete.

    Os trabalhos temporários não são recentes em Espanha e, muitas vezes nem contam nas estatísticas, mas são os mais afetados quando há uma crise e os primeiros a desaparecer. Além disso, a população jovem é a que mais recorre a este tipo de postos de trabalho e, perante uma recessão, nem direito a subsídio têm, tendo de recorrer a ajuda de familiares.(RTP, emissora pública de Portugal)