• Covid-19: Madrid acumula um terço dos casos positivos da última semana na Espanha

    Publicado em 2.09.2020 às 07:30

    Madrid, onde se concentram 14 por cento da população de Espanha, acumulou na última semana quase um terço de todos os casos positivos de Covid-19 nesse país: das mais de 49 mil novas infecções detectadas nos passados sete dias, cerca de 15 mil encontram-se na capital espanhola. A capital destaca-se ainda nas hospitalizações. O executivo de Pedro Sanchéz já manifestou preocupação, mas garantiu que as medidas necessárias estão a ser tomadas.Para além de liderar o número de novas infecções na última semana, Madrid possui o maior número de hospitalizações: cerca de 30 por cento (6807) das pessoas internadas devido à Covid-19 em Espanha estão nessa região, de acordo com dados do Ministério da Saúde.

    O peso de Madrid no número total de casos foi menor em julho e agosto, quando o novo coronavírus atingiu com mais força outras regiões autônomas, especialmente Aragão e Catalunha. Nessa altura, a capital espanhola possuía 12 por cento do total de casos ativos no país, número mais proporcional à sua dimensão. Agora, porém, possui 28 por cento das infecções ativas.

    Esta quarta-feira, o ministro da Saúde, Salvador Illa, expressou a sua preocupação para com a capital, ao mesmo tempo que desdramatizou a situação do país em geral.

    A situação [em Espanha] não é muito diferente da dos países ao nosso redor. Há um aumento de contágios devido ao aumento da mobilidade [trazido pelo Verão]. Em Espanha há uma detecção precoce importante e detectamos muitíssimos casos. Não podemos comparar com outros países europeus”, começou por esclarecer em entrevista à rádio espanhola Antena 3.

    “Exceto em casos pontuais, não foi necessário alterar os planos de assistência. Se tal vier a acontecer, haverá motivo para preocupação. Em Madrid, fixo-me num critério: que a assistência hospitalar não-Covid fique em risco”, explicou o ministro.

    “Estou em contacto constante com o conselheiro em Madrid e sei que estão a tomar medidas, têm de as tomar. Nas maiores áreas metropolitanas de Espanha, como Madrid e Barcelona, o controlo é mais difícil”.
    Sánchez sugere má gestão em Madrid
    Em entrevista à rádio espanhola SER na terça-feira, o primeiro-ministro Pedro Sánchez insinuou que a comunidade de Madrid terá sido uma das que não reforçaram suficientemente os seus serviços de saúde pública. “Basta olhar para os números”, afirmou.

    Já a presidente da comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, acusou o Ministério da Saúde de ações “injustas, desproporcionadas e prejudiciais para Espanha”, depois de ouvir o epidemiologista e diretor do Centro de Coordenação de Alertas de Saúde e Emergências, Fernando Simón, a expressar preocupação para com os números da pandemia em Madrid.

    Madrid é a comunidade à qual devemos dar toda a nossa atenção. É o núcleo de Espanha. É onde estão todos os centros de transporte e, se dispara a transmissão na capital, a expansão para o resto do país está garantida”, explicou ao El Pais o investigador Álex Arenas.

    O especialista aconselha, por isso, o regresso de medidas como o teletrabalho. “Se conseguirmos que 30 por cento da população trabalhe desde casa, será uma redução de mobilidade muito importante que pode ajudar” a controlar a pandemia, assegurou. Ainda assim, para Madrid esta medida poderá não ser o suficiente.

    “Deveria haver algum tipo de confinamento para que o vírus não se alastre às áreas vizinhas e, consequentemente, a todo o resto do país”, considerou Arenas.

    Desde que o SARS-CoV-2 chegou a Espanha, infetou mais de 488 mil pessoas, das quais 29 mil são vítimas mortais. Até ao momento, 150 mil pessoas nesse país conseguiram recuperar da doença Covid-19.(RTP, emissora pública de Portugal)