Covid-19: Madrid acumula um terço dos casos positivos da última semana na Espanha
Madrid, onde se concentram 14 por cento da população de Espanha, acumulou na última semana quase um terço de todos os casos positivos de Covid-19 nesse país: das mais de 49 mil novas infecções detectadas nos passados sete dias, cerca de 15 mil encontram-se na capital espanhola. A capital destaca-se ainda nas hospitalizações. O executivo de Pedro Sanchéz já manifestou preocupação, mas garantiu que as medidas necessárias estão a ser tomadas.Para além de liderar o número de novas infecções na última semana, Madrid possui o maior número de hospitalizações: cerca de 30 por cento (6807) das pessoas internadas devido à Covid-19 em Espanha estão nessa região, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
O peso de Madrid no número total de casos foi menor em julho e agosto, quando o novo coronavírus atingiu com mais força outras regiões autônomas, especialmente Aragão e Catalunha. Nessa altura, a capital espanhola possuía 12 por cento do total de casos ativos no país, número mais proporcional à sua dimensão. Agora, porém, possui 28 por cento das infecções ativas.
Esta quarta-feira, o ministro da Saúde, Salvador Illa, expressou a sua preocupação para com a capital, ao mesmo tempo que desdramatizou a situação do país em geral.
“A situação [em Espanha] não é muito diferente da dos países ao nosso redor. Há um aumento de contágios devido ao aumento da mobilidade [trazido pelo Verão]. Em Espanha há uma detecção precoce importante e detectamos muitíssimos casos. Não podemos comparar com outros países europeus”, começou por esclarecer em entrevista à rádio espanhola Antena 3.
“Exceto em casos pontuais, não foi necessário alterar os planos de assistência. Se tal vier a acontecer, haverá motivo para preocupação. Em Madrid, fixo-me num critério: que a assistência hospitalar não-Covid fique em risco”, explicou o ministro.
“Estou em contacto constante com o conselheiro em Madrid e sei que estão a tomar medidas, têm de as tomar. Nas maiores áreas metropolitanas de Espanha, como Madrid e Barcelona, o controlo é mais difícil”.
Sánchez sugere má gestão em Madrid
Em entrevista à rádio espanhola SER na terça-feira, o primeiro-ministro Pedro Sánchez insinuou que a comunidade de Madrid terá sido uma das que não reforçaram suficientemente os seus serviços de saúde pública. “Basta olhar para os números”, afirmou.
Já a presidente da comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, acusou o Ministério da Saúde de ações “injustas, desproporcionadas e prejudiciais para Espanha”, depois de ouvir o epidemiologista e diretor do Centro de Coordenação de Alertas de Saúde e Emergências, Fernando Simón, a expressar preocupação para com os números da pandemia em Madrid.
“Madrid é a comunidade à qual devemos dar toda a nossa atenção. É o núcleo de Espanha. É onde estão todos os centros de transporte e, se dispara a transmissão na capital, a expansão para o resto do país está garantida”, explicou ao El Pais o investigador Álex Arenas.
O especialista aconselha, por isso, o regresso de medidas como o teletrabalho. “Se conseguirmos que 30 por cento da população trabalhe desde casa, será uma redução de mobilidade muito importante que pode ajudar” a controlar a pandemia, assegurou. Ainda assim, para Madrid esta medida poderá não ser o suficiente.
“Deveria haver algum tipo de confinamento para que o vírus não se alastre às áreas vizinhas e, consequentemente, a todo o resto do país”, considerou Arenas.
Desde que o SARS-CoV-2 chegou a Espanha, infetou mais de 488 mil pessoas, das quais 29 mil são vítimas mortais. Até ao momento, 150 mil pessoas nesse país conseguiram recuperar da doença Covid-19.(RTP, emissora pública de Portugal)