Profissionais de tecnologia e logística terão mais oportunidades de emprego após a pandemia

Publicado em 22.09.2020 às 12:19

A pandemia de Covid-19 acelerou tendências que afetam o mercado de trabalho e deve criar mais oportunidades de emprego para profissionais de tecnologia e logística, de acordo com projeção feita pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). A previsão é que surjam, em até cinco anos, novos profissionais para responder, por exemplo, à maior necessidade por internet ultrarrápida em um novo mundo online.

Na lista estão o analista de soluções de alta conectividade e o orientador de trabalho remoto. Profissões já existentes também ganham mais fôlego e devem ter demanda aumentada, como os técnicos em mecatrônica e em telecomunicações.

“O SENAI, que é especialista no acompanhamento do mercado de trabalho, havia apontado a tendência de surgimento, em médio e longo prazo, de 30 novas ocupações devido à 4ª Revolução Industrial. A pandemia intensificou, de forma dramática, esse processo de atualização tecnológica, o que deve antecipar para 2021 e anos seguintes uma demanda que estava prevista para daqui a cinco ou dez anos”, explica o diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi. “O novo comportamento das pessoas e das empresas também vai exigir maior especialização de profissionais em algumas áreas, criando novas ocupações”, explica ele. 

As previsões são feitas com base no Modelo SENAI de Prospectiva, metodologia que permite identificar quais serão as tecnologias utilizadas no ambiente de trabalho e as mudanças na estrutura organizacional das empresas em um horizonte de cinco a 15 anos. O trabalho é feito a partir da aplicação de um painel com cerca de 20 especialistas – representantes de empresas e de universidades por setor estudado.

Em seguida, as informações são enviadas aos Comitês Técnicos Setoriais, que elaboram novos perfis e atualizam aqueles existentes. O objetivo é desenvolver competências que se destacarão no futuro devido ao processo de evolução tecnológica e organizacional nos diversos setores industriais brasileiros. 

O método é utilizado para embasar as decisões do SENAI sobre a oferta de cursos e seus currículos e já foi transferido a instituições de mais de 20 países na América do Sul e no Caribe. A metodologia foi apontada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) como exemplo de experiência bem sucedida na identificação da formação profissional alinhada às necessidades futuras das empresas.

Na tabela a seguir, mostramos as novas ocupações que serão impactadas por tendências no mundo Pós-covid-19, os cursos de formação e alguns cursos de aperfeiçoamento profissional disponíveis na plataforma Mundo SENAI, que ajudarão os profissionais a se prepararem para este novo cenário.

O trabalho feito de casa, ou home office, que se disseminou durante a pandemia, é uma das tendências que deve impactar o mundo profissional. Algumas empresas já manifestaram intenção de manter pelo menos parte de seus funcionários a distância depois que o Covid-19 for vencido. O que será a realidade permanente para milhares de brasileiros abre um campo de atuação para um novo profissional: o orientador de trabalho remoto.

A previsão é que esse especialista ajude trabalhadores, por exemplo, a se adequar às ferramentas de informática e às rotinas do teletrabalho, assim como deve orientar quanto a medidas para garantir saúde física e mental. 

A previsão também é que a educação a distância se aprofunde, pois muitos brasileiros descobriram, devido ao isolamento social, as vantagens e limitações de estudar pela internet. Como a abordagem e os métodos pedagógicos precisam ser diferentes das aulas presenciais, a avaliação é que há espaço para o surgimento da ocupação de desenvolvedor de aulas para educação a distância e online. Além do conhecimento específico, esse profissional deve saber lidar com tecnologias já usadas no ensino, como realidade virtual e aumentada, inteligência artificial e impressão 3D, entre outras.

Ambiente virtual deve se diversificar e exigir mais infraestrutura

O sucesso das lives de artistas durante a pandemia também deve impulsionar e diversificar o entretenimento online, assim como devem ser expandidas experiências como a telemedicina e as compras online. Esse novo ambiente virtual vai exigir das empresas a utilização de produtos e sistemas tecnológicos mais complexos, com foco na experiência do usuário. Isso deve demandar, prevê o SENAI, profissionais altamente especializados no desenvolvimento de sistemas, programação multimídia, de jogos e ambientes digitais. Devem ganhar espaço no mercado os técnicos desenvolvedores de sistemas, programadores multimídia e o técnico em jogos digitais, entre outros.

Com todo esse novo tráfego na rede mundial de computadores, a expectativa é que seja necessária uma nova infraestrutura de internet no Brasil, que deve se expandir com a chegada do 5G ao país. Por isso, espera-se maior demanda, por exemplo, por profissionais de telecomunicações que desenvolvam e ofereçam soluções de alta conectividade.

A previsão também é que as empresas, especialmente industriais, apostem mais em tecnologias da Indústria 4.0, como automação e digitalização, caso persista a necessidade do distanciamento social, e em internet das coisas (IoT), big data e inteligência artificial devido aos novos hábitos de consumo digital dos brasileiros. 

Esse cenário deve abrir oportunidades para novos profissionais como o analista em soluções de alta conectividade, o especialista em análise de grandes volumes de informações (big data) e o especialista em IoT. Deve também ampliar oportunidades de empregos para ocupações existentes, como o técnico em sistemas de transmissões, o técnico em mecatrônica e automação industrial, o técnico em eletroeletrônica e eletricistas. Reforçará ainda a atual necessidade de profissionais que trabalhem com segurança cibernética para evitar ciber ataques, fraudes e roubos de dados.